terça-feira, 16 de dezembro de 2008

A Vida Mística e Oculta de Jesus(livro parte12)

Filho de Deus — Filho do Homem
— Filho da Mulher
A cada passo encontram-se nos livros sacros os termos Filho de Deus,
Filho do Homem, Filho da Mulher empregados pelos profetas, e nos próprios
Evangelhos, sem que esses termos tenham aplicação fisiológica.
Ser Filho de Deus não só era ser filiado ao Colégio de Deus como
acabamos de ver, como também porque todo homem tinha e tem o direito de
considerar-se como tal.
272 Marcos III, 16, 19
417
O próprio Jesus disse aos fariseus: "Pois se a lei chama deuses aqueles a
quem a palavra de Deus foi dirigida, aos profetas, aos iniciados (e a escritura não
pode ser anulada), a mim, a quem o Pai santificou e enviou ao mundo, vós dizeis:
blasfemou, porque disse: Sou Filho de Deus".
Todos os deuses das mitologias orientais, muito antes de haver
Cristianismo, para melhor impressionar as massas eram considerados homens que
tivessem existido na Terra, os quais mandavam o Filho para ser morto, ressuscitar e
redimir a humanidade.
Assim se deu com Mitra, com Osíris, com Baco, que os órficos chamavam
de Filhos de Deus. Este Baco, segundo Macrobe, morreu, desceu aos infernos e
ressuscitou no terceiro dia. Seus adoradores foram perseguidos, como muitos
séculos depois, é bom frisar sempre, os da seita de Cristo e os de Serapis.
A expressão Filho de Deus, atribuída ao Sol por Zoroastro, é encontrada
em todas as primitivas religiões, desde há mais de dez mil anos, entre os astecas, os
peruanos, os indianos, os persas, os caldaicos, os egípcios, os chineses, os gregos,
etc., dos quais os gênios filosóficos criaram suas doutrinas como Orfeu, Platão,
Pitágoras e muitos outros, nas quais o Catolicismo, por intermédio dos seus
doutores, como São Justino, São Tomás de Aquino, Santo Agostinho, etc., foi buscar
a analogia da personalidade do Jesus material, como o Jesus espiritual, — da Luz
do Sol material, com a luz do homem espiritual. Ego lux mundi, dizia Jesus.
Para Dupuis, Jesus é o Filho de Deus, do mesmo modo que o Sol era o
Filho de Deus para os antigos, apesar da diversidade de nomes e de atributos “Nam
tenebras prohibens retegis quod coerula lucet; Hinc Phoebum perhibent prodentem
occulta futuri; Vel, quia dissolvis nocturna admissa, Lsoeum. Te Serapim Nilus,
Memphis veneratur Osirim. Dissona sacra Mithram, ditemque ferumque Typhonem
418
Atys pulcher item, curvi et puer almus aratri; Ammon arentis Libyoe, ac Biblus
Adonis. Sic vario cunctus te nomine convocai orbis".
Cristo é esse famoso Apolo que triunfa da serpente inimiga da luz, como
Cristo triunfa do príncipe das trevas, que toma a figura da serpente para perder os
filhos da Luz, seus eleitos.
É o Bacchus Lyoeus que nasce, morre, desce aos infernos e ressuscita
depois de ter sido despedaçado pelos monstros serpentípedes. É o Deus Serápio,
no templo do qual, no Egito, se achou a cruz, símbolo da vida futura, segundo a
interpretação dada pelos próprios egípcios, como se pode ver em Sozomene e
Rufino; o mesmo Serapis ou Sol Serapis, que o imperador Adriano garante ser o
Deus dos cristãos. É o Osíris que nasce, morre e ressuscita como Cristo; é o famoso
Mitra, cuja festa natalícia se realizava no dia do Natal; Mitra, nascido em um antro,
como Cristo no estábulo, Mitra morto e ressuscitado, e que, por sua morte, salva os
que nele crêem; que tem seus mistérios, seu batismo, sua eucaristia etc., Mitra,
enfim, que se une a um Touro, como Cristo ao Cordeiro para regenerar a Natureza
na primavera. É o Deus Amon, representado sob a forma de um Cordeiro, que tem
sua sede no signo equinocial da primavera, em que o Sol tem seu mais belo triunfo.
É o famoso Adônis, que morre, desce aos infernos e ressuscita, e cujas festas estão
estabelecidas nos mesmos países em que nasceu a religião do Cristo. E o jovem
Átis que, depois de ter sido pranteado durante três dias, volta ao império dos Deuses
e cujas festas exprimem o triunfo do Cordeiro (Figura 9). É, enfim, o Deus de todos
os povos.
Dupuis não acreditava na passagem de Jesus pela Terra, considerando-o
como um simples mito solar, que se foi degenerando a ponto de ser personificado
pelo Cristianismo.
419
Entre os astecas, do México, era escolhido anualmente o mais guapo
rapaz para representar o papel de Filho de Deus. Durante esse tempo era tratado
na corte do rei, com todas as honras de um deus, podendo, mesmo, dispor à
vontade das concubinas do monarca. Quarenta dias antes do 25 de dezembro
(número notável em todas as religiões) ele era submetido a um complicado ritual.
Chegada a data, na noite de 24 para 25, era ele levado ao alto da pirâmide, e o
Pontífice cravava-lhe o punhal no coração, que era imediatamente arrancado e
oferecido, gotejante, ao Deus Supremo — o Deus Sol. Um deles, com uma maestria
só comparável a dos esfoladores dos matadouros, arrancava a pele inteira do deus
que morria, e era revestida pelo futuro deus que nascia. Seu corpo era retalhado e
comido pelos sacerdotes (analogia com o Catolicismo). A mesma cerimônia era
reproduzida com semideuses, saídos do povo; seus corpos, porém, eram atirados
pela pirâmide abaixo e seus adeptos disputavam suas peles, que eram levadas
durante oito dias pelos felizardos que delas se apoderavam.
Esse Filho de Deus, ou esse Deus que morria e ressuscitava no terceiro
dia, para o bem da humanidade, era o bode expiatório de todas as religiões da
Antigüidade.
A tal respeito enviamos o leitor ao extraordinário estudo de J. G. Frazer:
"Le Bouc Emissaire".
No tempo de Jesus o termo Filho de Deus designava todo homem
amando Deus; Jesus foi assim classificado, na acepção que os judeus lhe davam,
pois este título já é encontrado em Gênese IV, 22, 23 — Deuteronômio XIV, 1.
Esta tradição continuou pelos profetas Oséias X, 1, 10, — Jeremias III,
14, — Isaías I, 2, — XXX, 1, — XLIII, 6, — LXIII, 8, — Samuel II, 7, 14, — Salmos
11,7,12, —Sabedoria 11,13, —XII, 7,21—II, 13,18, — Eclesiastes IV, 11, —
420
Depois, seguem-se os apóstolos Mateus V, 9 — 44,45 — Lucas VI, 35, — Paulo,
Romanos VIII, 14, 19, — Gálatas III, 26 — IV, 6, — Hebreus II, 10 —XII, 6, —
Salmos XI, 7.
A esse título não era ligada nenhuma metafísica ou de natureza sobrehumana,
sobrenatural ou divina.
O ato da transfiguração de Jesus no monte (Mateus XVII) e a proposta de
Pedro em construir ali três tabernáculos — um para Moisés, um para Elias e outro
para Jesus — prova que os apóstolos não o consideravam como Deus ou seu Filho
carnal; mas, sim, um profeta igual àqueles dois, o "filho amado em que Deus se
comprazia naquela ocasião". Mais claro do que isso nem a luz do dia, se as palavras
servem para exprimir o pensamento. Além disso, essa passagem da transfiguração
é contada por Marcos e por Mateus do mesmo modo, sendo que Lucas IX, 32
diverge, dizendo que a aparição de Moisés e Elias só foi verificada quando os três
apóstolos despertaram de um pesado sono, o que dá justificável motivo a se poder
bordar algo a respeito do tema da hipnotização ou da auto-sugestão.
O termo hebraico AElohim, que traduziram por Deuses, não passava na
mente de Moisés de uma forma poética para expressar as forças hierarquizadas da
natureza, de uma imagem morfológica, de um símbolo dos fenômenos cósmicos e
anímicos; mas nunca significava Divindade, pois todas as religiões do passado eram
monoteístas, como o próprio Moisés, que condenava a idolatria.
A fé popular ingênua criava para cada fenômeno da natureza um Deus
com determinadas qualidades a quem dava o nome.
Toda a natureza era regida, não por forças, mas por divindades especiais.
Assim, no Japão, tais divindades se chamam Kami e orçam, segundo
cálculos japoneses, em 80 miríades!
421
No Catolicismo há três deuses em um só.
Todas as mitologias e filosofias oriundas da primitiva Cosmogonia ou
Astrologia adotavam a expressão Filho de Deus, como uma das funções cósmicas
da trindade que, em suma, são os três termos da eletricidade que rege todos os
fenômenos nessa imensidade incomensurável.
Ser Filho do Homem ou ser Filho da Mulher, na expressão de Jesus,
era ser filiado à respectiva Congregação, como já vimos; era ser iniciado pelo
Sacerdote ou pela Sacerdotisa, como parece ter sido a mãe de Jesus, filiada como
foi à Congregação dos essênios. Senão, como interpretar a frase de Jesus à sua
mãe, quando esta lhe fazia sentir a falta de vinho na festa: "Mulher, que tenho eu
contigo?", frase que, francamente, seria uma indelicadeza, senão uma grosseria,
dirigida à sua mãe legítima, caso não houvesse outro sentido mais elevado, além do
que seria uma transgressão ao respeito ordenado por Moisés aos seus parentes.
Esse modo de representar a paternidade intelectual pela paternidade
física era de uso entre os antigos sacerdotes273.
Moisés diz-se Filho de Amram, isto é, Filho intelectual da Ordem de
Rama. Era Filho do homem.
Séfora, sua mulher, era sacerdotisa em seus templos e Filha de Jetro, o
sumo Pontífice de Midian.
Todos os profetas se intitulavam Filhos do homem como se verifica nas
escrituras.
Os apóstolos tratavam seus discípulos de Filho. Paulo chama Timóteo,
Onésimo etc. de Filhos gerados, por ele, de suas entranhas, o que se fosse tomado
273 Ed. Schuré— Os Grandes Iniciados.
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ao pé da letra não havia de agradar muito àqueles discípulos, que, certamente,
tinham pai legítimo.
Jesus disse que era Filho do Homem (João 1,51 — III, 28, etc.), "Quando
levantardes o Filho do Homem conhecereis quem sou" — "e os anjos de Deus (ele
aqui não mais se refere ao Pai) subirem e descerem sobre o Filho do Homem".
Ora, o Homem, neste caso, não podia ser seu pai José, que já havia
morrido, mesmo porque dele não era filho carnal, uma vez que o fazem nascer do
Espírito Santo; é, pois, do Pai espiritual, do homem que o iniciou, a que ele se refere.
Nataniel disse: "Tu és (o) Filho de Deus, tu és o rei de Israel" (João V,
49).
Mas, se ele se diz Filho do Homem, como conciliar seu outro dito de ser
Filho de Deus? É porque primeiro ele foi Filho do Homem, isto é, dos iniciados,
para depois ser Filho de Deus, isto é, Mago, Pontífice, Rei de Justiça (segundo a
Ordem de Melquisedeque), daí a explicação do Cetro que sairia de Israel e da
resposta a Pilatos de ser Rei.
Ora, já vimos que naquela época ser Filho de Deus era ser filiado ao
Colégio de Deus, fonte dos Melquisedeques, isto é, dos Reis de Justiça, dos Reis
Magos, dos Pontífices, em suma, o que concorda com Paulo, Davi etc. etc. e, como
tal, com ser o Rei de Israel, mas não como monarca, pois ele mesmo disse: "Meu
reino não é deste mundo".
Homero chamava Reis os portadores de cetros ou pastores de povos.
A vara de pastor era sinal de realeza na Grécia, na Assíria e na Babilônia,
e essa vara era recurvada simbolizando os chifres do Carneiro, a Religião de Rama.
423
Daniel VII, 13,14 — Ezequiel II, 1 dizem que Jesus é Filho do Homem.
Swedenborg diz que os profetas eram chamados Filhos do Homem, e isso verificase
a cada passo na Bíblia.
Toda a predicação de Paulo considera Jesus sempre como Homem, e a
Igreja assim o considerou durante cerca de 300 anos, quando, afinal, entendeu um
dia já não mais considerá-lo Filho do Homem, nem Filho de Deus, mas o próprio
Deus, como mais detalhadamente veremos no capítulo dos Dogmas.
Para Paulo, Jesus (o Senhor) era o Cristo encarnado em Jesus; mas o
termo Cristo significa "Salvador" e não filho de Deus.
Segundo Paulo, Deus criara Jesus inferior aos anjos; entretanto, o
Concilio de Nicéia reconheceu Jesus como Deus, superior, portanto, aos anjos.
Atualmente já o rebaixaram para Reis dos Reis.
Segundo a História Sagrada do Egito, cuja origem remonta a incalculável
Antigüidade, foi Thoth cognominado o Trismegisto, isto é, três vezes muito grande,
ou seja, ainda o primeiro Hermes, que escreveu a primitiva doutrina dos egípcios em
42 livros, por ordem do Deus Supremo.
Esse Thoth foi o Hermes Celeste, ou seja, a inteligência divina
personificada, o único dos Seres divinos que, desde a origem das coisas,
compreendeu a essência desse Deus Supremo, que o chamava de "Alma da minha
Alma", "Inteligência Sagrada da minha Inteligência". No diálogo que Thoth teve com
Pimander, este lhe revelou todos os mistérios, dizendo-lhe entre outras coisas:
"Esta luz, sou eu; eu sou a Inteligência; eu sou teu
Deus; eu sou mais antigo que o Princípio úmido que se escapa
da sombra; eu sou o gérmen do pensamento, o Verbo
424
resplendente, o filho de Deus. Reflete que o que vês, e ouves
assim em ti, é o Verbo do Mestre, é o Pensamento que é Deus,
o Pai. Eles não são separados e sua união é a vida.
“Da Vontade de Deus, porquanto a Inteligência é
Deus possuindo a dupla fecundidade dos dois sexos, que é a
vida e a luz da sua Inteligência, ele criou com seu Verbo outra
Inteligência operante”.
“A Inteligência operante e o Verbo operante
encerram neles os círculos que, rodando com uma grande
velocidade, fez com que esta máquina se movesse desse seu
começo até o fim, pois ela começa sempre no ponto em que
ela acaba."
Ora, por este pequeno extrato daqueles livros, não é possível se pôr em
dúvida que o Egito já conhecesse a essência de Deus e o seu Verbo operante
personificado no primeiro Hermes-Thoth. É esse Verbo também personificado em
IPhO e IShO conforme já vimos, que veio constituir mais tarde a personalidade de
Jesus-Nazareno. E a esse Verbo Operante que os profetas se referem quando
dizem que suas saídas do empíreo são desde os dias da eternidade. É esse Verbo
que se teria encarnado nos vários legisladores que já tivemos ocasião de citar. E
esse Verbo que se encarnou, por último, em Jesus, e se encarnará de novo, como
ele mesmo prometeu fazê-lo, no corpo de um homem puro, predestinado por Deus
para esse fim, quando a humanidade, presentemente anarquizada, não mais puder
evitar a avalanche do militarismo que tudo destruirá, incendiando e dizimando os
povos, cujos sobreviventes, apavorados, se refugiarão nas selvas. É este Verbo que
425
se fez carne e era a Luz divina, como diz João; mas não é este Verbo que o
Catolicismo forjou, como sendo o Filho Carnal dessa Inteligência Operante, a fim de
servir de pretexto ao seu programa político. Não é este Verbo do romanismo que
atiça o ódio entre as nações, que atira as fogueiras àqueles que não comunguem
com seu credo, que benze armas de guerra para matar irmãos do mesmo credo, que
excomunga os que desmascaram seu embuste. É o Verbo Criador, o Verbo de Amor
e de Paz, Filho primogênito de Deus.
Como se vê, o assunto é por demais vasto para ser tratado em algumas
linhas. Contudo, as indicações que acabamos de dar permitirão aos estudiosos
remontar àquelas eras, em que esses termos eram correntemente empregados, e
verificar que as deturpações foram forjadas exclusivamente pelo Catolicismo, para
tornar Jesus o filho de um deus antropomorfo, classificado mais tarde como uma das
três partículas desse deus, terminando por fim em considerá-lo como o próprio Todo-
Poderoso, uma vez que esse Todo é indivisível.
Reinado de Deus
As várias interpretações, como temos visto, é que levaram, também, os
redatores dos Evangelhos a deturpar a expressão Reinado de Deus, pessimamente
traduzida para Reino de Deus, muito pior vertida como Reino do Céu e subrepticiamente
ligada a de Evangelho do Reino, pois era do Reinado de Deus, do
que se trata ali, e que a humanidade e, especialmente, o Egito fruíram naquelas
épocas, em que era regido pelos Pontífices, de quem acabamos de falar, o regime
da Autoridade274, isto é, pelo Ensino, pela Justiça e pela Economia, e não pelo
274 Autoridade vem de Autor. Não confundir com a classificação que lhe dão os modernos detentores
de uma parcela do Poder.
426
Poder, isto é, pelo Militarismo que lhe sobreveio com a dinastia instituída por Menés,
5 mil anos antes da nossa era, em que reinaram a Força, o Arbítrio e o Despotismo.
São Clemente de Alexandria recolheu em seu Strom, III, 13, 92 a
seguinte frase de Jesus, que não consta dos evangelhos em vigor e constava dos
outros: "Salomé lhe perguntou: 'Quando virá teu reino?' Jesus lhe respondeu:
'Quando dois forem um e que o masculino for feminino e que não houver nem
homem nem mulher' ".
Isto é, quando o Poder e a Autoridade se unirem em um só, quando a
humanidade for andrógina, quando houver anjos, quando, em suma, voltar a Paz.
Esse será meu reino, será o Reinado da Paz.
Reino é a localização de um território regido por um monarca — Reinado
é o regime social, bom ou mau, em que vive o povo sob o guante desse rei.
Foi, exatamente, esse Poder que Jesus veio destruir como, aliás, o
conseguiu em parte; mas que de novo reina em todo o mundo.
"Meu reino não é deste mundo", disse ele, repetindo a mesma frase de
Buda, como já vimos.
"O Reino de Deus está em vós", disse Jesus, é a paz da alma.
Confúcio já havia dito: "A lei do gentil-homem é o Reinado de Deus, que
reside em nós".
O Reinado de Deus sempre existiu na China; este país era o Céu real, o
Celeste Império; até que a malfadada política européia tornou essa nação um
verdadeiro Inferno.
Mas o Catolicismo prefere adotar a locução Reino de Deus, Reino do
Céu, por dar aos seus adeptos uma idéia mais objetiva de um local, povoado de
anjos, governado por Deus e seu filho Jesus, tendo os apóstolos como Ministros.
427
É mais simples e... mais rendoso.
Corrupções das Traduções
Se fôssemos estudar as corrupções que fizeram dos termos das línguas
templárias da Antigüidade, da grega, da siríaca, da hebraica, traduzindo-os pela
maneira por que se acham na Bíblia, seria preciso dedicar uma obra para tal fim.
Para dar um pequeno exemplo, entre centenas deles, de como as
traduções transmutaram o sentido das palavras, passemos a pena a Saint-Yves:
"Nossos tradutores (da Bíblia), diz ele, fantasiaram
em homem a rotação da Terra em volta do Sol, em 365 dias, do
que fizeram 365 anos de vida de Enoch*."
"Wa-ihiu Khol-imei Hanôch Lamesh w. shishim
Shanah w-shelosh mosôth sanab", cuja tradução verdadeira é:
"A totalidade dos dias de Enoch foi de cinco e seis
décuplos, e de três centenas de revoluções temporais, o que,
posto em algarismo dá: 5 - 6 x 10 = 60 - 3 x 100 = 300
resultando 5 + 60 + 300 = 365.
Enoch não se relaciona com homem algum, mas sim
com nosso Sistema Solar".
François Martin275 em seu belo trabalho diz que esse personagem nunca
existiu, e que o livro que tem esse título é antes um resumo de doutrinas de várias
* N. do E.: Para conhecer melhor o pensamento enoquiano, ver também O Livro de Enoch — O
Profeta, Madras Editora.
275 Le Livre d'Énoch traduit sur Ia langue éthiopienne.
428
seitas ou escolas, que se dividiam no meio judaico ortodoxo, no 1º e 2º séculos da
nossa era, depositárias das doutrinas de Rama.
Em nosso auxílio açode o erudito pastor patrício da Igreja Protestante, o
Reverendo Sr. Ernesto Luiz de Oliveira, na p. 151 (Roma, a Igreja e o Anti-Cristo):
"Isto de tomar-se um homem como o representante de um povo, de uma instituição,
é coisa comuníssima na linguagem da Bíblia".
Paulo, em Gálatas IV, 23, 24, 25, é o primeiro a condenar o sentido literal,
por considerar esses nomes como simples alegorias, dando-lhes, contudo, outra
significação, conforme seu costume de tudo sofismar em prol da sua causa; mas a
verdadeira tradução literal, feita sobre as línguas templárias e controlada com o
Arqueômetro, é a seguinte:
Abram (Abraão) por Agar produziu Ismael. Ora, nas academias
templárias, em védico e sânscrito, que Paulo ignorava, Ag-ar significa Faculdade
Central, angular, ígnea.
Is-ma-el, Princípio fluídico de expansão.
Por Sara, isto é, pela esfera do seu Raio, Abraão gerou Is-a-ac, Princípio
de agregação ao centro.
Enfim, por Ke-Torá, Condensação da Lei (Tora), fixação da relação da
ação circunferencial à ação central, ela gera seis Princípios e não filhos carnais,
como ali está, pois:
1 — Iam-Ram significa, literalmente, Potência múltipla do som.
2 — Iek-San significa, literalmente, Potência divisível da Luz.
3 — Mad-Ian significa, literalmente, Divisibilidade dinâmica ou química.
4 — Mad-an significa, literalmente, Divisibilidade estática ou física.
5 — Ies-Boch significa, literalmente, Potência silenciosa do Vácuo.
429
6 — Sue significa, literalmente, Ondulação, Estado Radiante, Ocultação
ou Destruição da Matéria.
O que quer dizer que essas ciências eram estudadas na Congregação
Adâmica.
As genealogias de Adão, Noé, Abraão etc. nada mais são do que os
primitivos templos ou academias e seus filiados, dos quais foram surgindo novas
gerações de pontífices e iniciados, e não como ali se acha traduzido, referindo-se a
personalidades carnais, a algumas das quais se atribuem longevidades próprias de
academias e não de homens, como Matusalém (Math-Salem) e outros.
Só este termo Math encerra em si a Tese, a Matese e a Síntese de uma
série de mistérios que não poderíamos descrever aqui.
Jesus disse não em latim, mas na sua língua: "Eu sou o A-Math” (a
verdade viva de onde procede toda a verdade).
Amath, em toda língua templária, encerra em si, por metátese, ou seja,
como querem os dicionários, por anagrama ou inversão Tha-Ma (Tema), o milagre
da vida, sua manifestação na existência universal.
Ma-Tha, por inversão, a razão suprema de todas as razões, a legislação
de todas as leis, a Eudoxia de todas as doutrinas.
Ath-Ma, por inversão, a Alma das Almas: ATH, Eu sou o primeiro e o
último, eu sou o alfabeto templário, eu sou a palavra, o Verbo. A e Th são a primeira
e a última letra dos alfabetos vatânico e hebraico.
Ademais, basta pegar-se em uma Bíblia e raciocinar-se um pouco no
capítulo V da Gênese, em que se lê que Adão viveu 130 anos, tendo gerado um filho
que foi Set, quando antes já havia gerado Caim e Abel. Portanto, quem viveu é
430
porque morreu, e no versículo 4 diz: "Que, depois de ter gerado a Set viveu ainda
800 anos e morreu, tendo ainda depois de morto gerado mais filhos e filhas".
A mesma linguagem se reproduz matematicamente com os 12
personagens que se seguem, oriundos de Adão, os quais depois de viverem esses
tantos séculos ainda viveram outros mais, gerando sempre filhos e filhas.
Não é preciso muita perspicácia, mesmo sem possuir a chave, para ver
que todos esses nomes se referem a Academias ou Templos, que duravam séculos,
e aos filiados deles saídos, bem como aos sacerdotes e sacerdotisas, cujos nomes
de iniciação nada tinham de notável para passarem à posteridade.
E toda a Bíblia está escrita desse modo, aparentemente incoerente para
quem não lhe possua a chave. Daí as intermináveis interpretações que têm motivado
tantos cultos.
Mesmo sem recorrermos aos tempos antigos, vamos apontar a moderna
tradução de João Ferreira de Almeida, considerada como uma das melhores. Diz ele
em Gênese VI, 10: "E gerou Noé, três filhos, Sem, Cam e Jafé".
Ora, traduzir-se Cham por Cam, francamente, é denotar demasiado ódio
ao pobre desgraçado alcoólico, que chamou a atenção dos seus irmãos para a
nudez do pai, que dormia também alcoolizado, após a libação que haviam feito no
sacrifício rendido a Deus, conforme relatam, igualmente, os tijolos achados
ultimamente na Babilônia.
Felizmente que, lendo-se a Gênese no sentido cosmogônico e não no
cosmográfíco, como está redigida, de acordo com a verdadeira grafia, desaparece
essa bobagem e lê-se, então, em sua pureza, o verdadeiro sentido de Cham, nova
modalidade de Caim, além de todos os outros desde Adão.
431
Verifica-se igualmente que Noé é o Princípio biológico do nosso Sistema
Solar. Noé, por metátese EON, são as vibrações elétricas deste Princípio, são os
íons que ocupam todo o espaço interplanetário, princípio de vida posto em evidência
por Georges Lakhowski276. Essa teoria já era adotada pelos cátaros, cuja doutrina
descreveremos em tempo.
Ora, se Noé fosse um homem de carne e osso, tendo, como diz a Bíblia,
gerado três filhos, estes forçosamente haviam de ser da cor do pai, ou seja, da
mesma raça. Como se explica, portanto, a diversidade de raças existentes, além do
repovoamento do mundo, pois se todos os homens e mulheres haviam morrido no
terrível Dilúvio Universal e os raros sobreviventes eram todos machos e da mesma
cor?
Ademais, se Deus salvou Noé e sua família, é porque achou-a virtuosa e
cumpridora da Lei. Mas, sendo Deus Onisciente, ele havia de saber o futuro da raça
(e não das raças) que dela teria de surgir após o repovoamento da Terra, a qual
devia ser pura, o que não é. Se, porém, Deus, na sua Onisciência, viu que a
humanidade havia de perverter-se novamente, como já havia sucedido com a de
Adão, porque não afogou logo Noé e sua prole, carregando-os para o paraíso,
deixando esse pião entregue às moscas ou aos gorilas que não se guerreiam, em
vez de mandar, um dia, seu filho, sacrificar-se, inutilmente, para uma suposta
redenção de um pequeno povo da Palestina, qual o israelita? Porque, nos
responderão alguns fanáticos, Deus sabe o que faz e não dá satisfação a Leterre
nem a ninguém!
Assim está certo!
276 L'Universion.
432
Mas a que dilúvio se refere a Bíblia? Ao de Deucalião? Ao de Tespi, no
México, de cuja arca esse patriarca mandou um corvo e um colibri reconhecerem se
havia terra (Humboldt)? Ao da Atlântida, avaliada pelos maias, como tendo sido em
9973, a.C, dividindo-o em três épocas, o primeiro 8452 a.C, o segundo 4292 a.C?
Ou ao relatado por Moisés, em que Noé, parodiando Tespi, fez sair um corvo e uma
pomba para descobrir terra?
Cai também, sob nossa pena, o termo de Baco, do qual daremos uma
pequena explicação.
O império de Rama chamava-se o país de Cush, em substituição ao do
Bharat-Versh. Era o império arbitral do fogo sagrado de que o Carneiro era o
hieróglifo.
Os países afastados para fugirem às pequenas suseranias se
denominavam país de Cush. Por isso se encontram muitos países de Cush.
Eis a origem deste termo, a que a Bíblia tanto se refere, quando fala dos
cuchitas, deixando o espírito do leitor ainda mais obscurecido.
A religião de Rama espalhou-se pelas Índias, indo até a Europa, onde
sofreu várias oscilações. Em um dos movimentos recorrentes, a Itália festejou a volta
desta Religião. Back-Cush significava Volta de Cush. Nesses festejos o vinho era
absorvido em abundância, não tardando, pois, com o tempo, que este termo se
transformasse em deus do vinho — Baco, com suas conseqüências, as bacanais,
servidas por bacantes etc. É o mesmo espetáculo de orgia e de bacanal que se
observa na nossa festa da Penha, cuja padroeira já significa, entre nós, pagodeira,
bebedeira; é o mesmo festim grotesco anterior à quaresma, a que o povo se
entrega em homenagem ao deus Momo, do Paganismo, entre berros ofensivos ao
deus de Moisés e de Jesus EVOHE! (EVE-I — IEHOVAH — JEHOVAH).
433
Moisés, em Gênese X, 6, 8 — Crônicas I, 8 — Miquéias V, 6, se referem a
esse país, como sendo o Império Arbitral, que foi substituído pelo império Arbitrário
de Nemrod. Foi o Poder, o militarismo, suplantando a Autoridade, isto é, o
Pontífice.
Saltando aos evangelhos, vamos encontrar as seguintes palavras de
Jesus277: "É mais fácil a um camelo passar pelo furo de uma agulha, do que um rico
entrar no reino dos céus".
Como se sabe, Jerusalém era uma cidade cercada de muralhas, com
várias portas de acesso. Entre elas havia uma, a menor, cuja configuração
assemelhava-se ao furo de uma agulha, por isso era conhecida por porta do furo de
agulha.
Era a essa porta que Jesus se referia, porque, de fato, ela não permitia a
passagem de um camelo e não como foi traduzido e correndo mundo.
Passar pelo "furo de agulha" e não de uma agulha é que deve ser.
A cena da legião de demônios, que Jesus fizera penetrar em dois mil
porcos, que se achavam ali pastando, é outra alegoria à proibição de Moisés de se
comer esse animal, causador da lepra. Hão de convir que Jesus não seria tão
ingênuo de pensar que, afogando dois mil porcos, afogaria, ipso facto, dois mil
demônios, e nem tão perverso para prejudicar o criador desses animais, o qual,
certamente, se teria queixado às autoridades pelo prejuízo, perdas e danos que este
ato lhe teria causado. Logo, se tal fato não se deu é porque tal acontecimento não
sucedeu materialmente falando.
Será mais outra antiga alegoria, igual à do Taoísmo do Japão, que faz
passarem os maus espíritos para dentro de um ovo.
277 Marcos X, 25.
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Além disso, não deixa de causar estranheza o fato do povo israelita não
comer porco, por ser proibido por Moisés, e haver criadores desses animais na
Judéia, a pastarem por cima de rochedos, quais simples ovelhas.
Há também uma evidente contradição entre Mateus VIII, 28 e Marcos V, 2
que não deixaria de desgostar Santo Agostinho. Aquele diz que foram dois homens
e este que foi um só!
A história da figueira que não dava frutos e que foi, por isso, condenada
por Jesus a secar (Marcos II, 13 — Lucas XIII, 6) é outro símbolo mal interpretado
pelos tradutores, segundo Gustavo Dalmann (p. 340), portanto, não era época de
figo nem de figos precoces (junho), nem da grande colheita (agosto), apesar da
frondosidade da árvore. Jesus preocupava-se com a sorte de Jerusalém, cidade de
soberbo aspecto, mas desprovida dos frutos da verdadeira Justiça, e a figueira lhe
forneceu uma imagem.
Os discípulos não compreenderam isso, e os escritores dos evangelhos,
séculos depois, concluíram que tal figura se referia à potência da fé que faz
milagres.
Frederico Portal278, analisando o simbolismo das cores em todas as
religiões da Antigüidade, da Idade Média e dos tempos modernos, sua generalidade
e suas adaptações, faz notar que "os mesmos dogmas que estabeleceram as
analogias reaparecem no Cristianismo. Neste, o Messias é vestido de manto azul,
durante os três anos em que ele inicia o homem nas verdades da vida eterna, e só é
vestido de preto quando ele luta com as tentações. As pinturas bizantinas, atribuídas
a São Lucas, representam a virgem com a face de uma negra. Quadros mais
278 Couleurs Symboliques 1837.
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recentes a vestem de preto, pois Jesus descido à terra revestiu, por sua mãe, os
males da humanidade".
No Arqueômetro, a letra do nome de IShO corresponde ao azul.
O branco, por ser a reconstituição de todas as cores, corresponde à
verdade, ao passo que o preto, que é a ausência da mesma, representa o erro.
Ora, se o branco foi sempre em todas as religiões o símbolo de Deus, por
ser a Luz, é claro que o preto deve ser o símbolo do diabo, por ser a treva. Isso se
verifica nos planisférios.
Não haverá também uma analogia entre o Papa branco do Vaticano e o
Papa negro do Jesuitismo?
Os vitrais das catedrais góticas encontram sua explicação científica na
aplicação do simbolismo, verificável com o Arqueômetro, com os vedas e com as
pinturas dos templos egípcios.
Tal foi o espanto dos primitivos cristãos, vendo que os símbolos e as
cerimônias do Catolicismo eram iguais aos do Mitatismo, religião de Zoroastro, que
os católicos não trepidaram, com a maior desfaçatez, em atribuir tal coincidência à
perfídia do diabo, que teria, maldosamente, ensinado aos persas a futura doutrina do
Cristo, apesar deles não ignorarem que a religião dos persas era mais antiga alguns
milhares de anos!
Por aí é fácil compreender a razão da série de incoerências, de
divergências, de costuras, de sofismas, de exageros, de contradições, dos plágios
com que escreveram a vida de Jesus, criando a escola dos Vancoeur, dos Lalande,
dos Dupuis, que negam sua passagem por esse mundo.
Pelas constantes descobertas arqueológicas, e pela reconstituição das
línguas mortas, incessantemente estudadas e guiadas por incontestáveis sumidades
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científicas do século XX, não será de admirar vermos surgir, em dia próximo, uma
formidável Academia, constituída pelos antigos patriarcas da humanidade,
reencarnados, presidida por uma nova encarnação do Verbo — Jesus.
Então, ali, tudo se esclarecerá, o joio será separado do trigo, e a palha
atirada ao fogo. Os homens se compenetrarão de que a Terra não passa de uma
microscópica parcela, no conjunto Sideral do Infinito. O homem reconhecerá sua
vaidade e condenará a presunção do romanismo. Voltará o Reinado da Paz — o
Reinado do Céu — e a humanidade será regida por um só pastor.
Dorismo e Ionismo
Dorismo e ionismo são termos também empregados e o leitor, menos
versado, não desgostará que lhes indiquemos a origem, embora de modo
perfuntório, mas cujo desenvolvimento se encontrará na Mission des Juifs.
O primeiro termo é derivado de uma região da antiga Grécia, ao Sul da
Thessalia, chamada Dorida.
É deste luar que teve origem, no Oriente, a Ordem arquitetônica chamada
Dórica, implantada pelo patriarca Rama que, sem dúvida, a recebera por tradição,
dos atlantes, pois os templos desenterrados ali, no México, no Peru, na Oceania e
na Caldéia confirmam, exuberantemente, a existência dessa primitiva Ordem.
Mas, como uma Ordem arquitetônica não se cria como cogumelo, da noite
para o dia, segue-se que, nessa época, deviam existir sérias academias. A prova é
que os doutos modernos, apesar da evolução da arte dos bangalôs e arranha-céus,
ainda não conseguiram criar outra, além das cinco clássicas.
O próprio módulo, por exemplo, cuja origem científica ainda é
desconhecida pelas academias, era tirado de regras musicais como veremos e, de
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acordo com essas regras, se construíam os templos, Seus vasos, seus vitrais etc. e
baseavam sua liturgia.
Essas regras estão claramente indicadas na Bíblia por Moisés, Ezequiel e
outros, quando, por ordem de Jeová, tiveram de construir o templo. Cada medida ali
indicada corresponde, exatamente, à nota musical do acorde tomado por base.
Cada nota possui um número certo de vibrações, facilmente verificável, com as
placas vibrantes dos nossos laboratórios de física, e estas estabeleciam o desenho
da ordem, do estilo, o formato dos vasos, dos vitrais etc.
Essa descoberta foi feita por Saint-Yves e magistralmente descrita por Ch.
Gougy279, arquiteto de Paris.
Séculos depois de instituída a Ordem Dórica, isto é, cerca de 3.500 anos
antes da nossa era, se deu na Índia o citado cisma de Irshu.
Tendo esse revolucionário, ambicioso por uma tiara, constituído suas
hostes para a propaganda das idéias naturalistas e feministas, compôs um
estandarte com fundo vermelho, tendo ao centro uma pomba branca, símbolo da
mulher. A pomba, em sânscrito, traduz-se por Ionah. Daí o ionismo.
O Estandarte de Semiramis280, rainha da Babilônia, tinha como emblema a
pomba vermelha, em fundo branco, tendo-se esta rainha passado para o ionismo, tal
como seu falecido marido — Ninus — o terrível e sanguinário imperador da Assíria.
Deste termo Ionah se originou, por inversão, o de João, o Batista, Io-hanlo-
nah.
Lucas I, 13, 60 a 63 esclarece bastante a respeito. É a pomba que João
diz ter visto descer sobre Jesus, por ocasião do seu batismo — puro simbolismo;
279 L'Harmonie des formes et des sons en Architecture.
280 Nome que revela sua religião — Sem — Ram.
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como simbolismo, também é o Sol que Jesus teria encarado nessa ocasião,
figurando a dinastia solar, a Ordem dórica, a religião de Rama.
Ainda hoje, os ascetas iniciados no Taoísmo, japonês, encaram o Sol em
um prolongado êxtase, até verem nele refletido seu espírito, como o corpo material é
refletido pelo espelho281.
Moisés, depositário da tradição dessa Ordem, não se esqueceu de
consigná-la em Gênesis XIX, 14, citando Melquisedeque, rei de Salém, e Abraão,
chefe da respectiva academia abramide.
Não há, pois, como se vê, interpretações ou idealismo; mas pura tradução
ao pé da letra, da significação que essas figuras tinham naquela época e que, com o
tempo, se foram deturpando, passando a pomba a representar mais tarde o Espírito
Santo, em pessoa, isto é, uma das três parcelas de Deus!
Das academias que esse cisma produziu saiu a Ordem arquitetônica
chamada iônica.
São essas duas as verdadeiras Ordens cientificamente baseadas em uma
matemática quantitativa e qualitativa.
Delas derivaram, depois, a Coríntia, a Composita que, como indica seu
nome, é uma composição das anteriores e, por último, a Toscana, não passando de
mera expressão da vaidade e do orgulho do seu povo, com caráter puramente
externo.
É bom dizer, de passagem, que a palavra Toscano (Tos-Kans), a antiga
Etrúria, significa, em sânscrito, Ciência, Potência, Potência dos letrados, e era um
dos 12 povos oriundos do Oriente, que ocupou uma parte da península italiana, do
Arnus ao Tibre.
281 La Chine — Le Voile d'lsis — número especial
439
Por aí se pode deduzir que não cria uma Ordem quem quer, porque esta
é a síntese de vastos conhecimentos. Por isso até agora ainda não surgiu outra
Ordem, propriamente dita, apesar das capacidades intelectuais que as academias
possuem.
Mas, não devemos confundir Ordem com Estilo.
O mesmo se dá com a música, que lhe serviu de base, na qual ainda não
se conseguiu introduzir mais uma nota, nem com a física, mais uma cor, nem com a
astronomia, mais um planeta.
Dorismo e ionismo representam, igualmente, a fonte do patriarcado e do
matriarcado, largamente desenvolvido por Saint-Yves. O patriarcado tinha relação
com o sacerdócio do Deus masculino, simbolizado no disco solar, e o matriarcado
com o deus feminino, simbolizado pela lua.
Já Orfeu, condiscípulo de Moisés nos templos do Egito, sintetizava esse
monoteísmo no seguinte verso: "Júpiter é o Esposo e a Esposa divinos".
A Ordem Dórica, a patriarcal de Rama, foi a Ordem Teocrática, a Ordem
Arbitral.
A Ordem Iônica, filha de um cisma, foi a Ordem Militar, a Ordem Arbitrária.
Para mais detalhes acerca da aplicação prática da ordem dórica,
enviamos o leitor ao nosso artigo a respeito de "Referências Bíblicas" — inserido no
Adendo.

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