terça-feira, 16 de dezembro de 2008

A Vida Mística e Oculta de Jesus(livro parte2)

A Fé
Muito se tem escrito acerca da personalidade de Jesus, alguns o
considerando um simples profeta, outros o endeusando, outros lhe emprestando um
corpo simplesmente fluídico, outros lhe dando duas personalidades e outros, até,
negando sua passagem na Terra, como Dupuis, que acabamos de citar.
Prudhom diz que a vida de Jesus deve ser refeita completamente, pois,
de tal modo foi ela dissolvida e pulverizada pela própria religião de que ele é o autor,
que só restam as cinzas do Cristianismo.
Mas, da copiosa leitura que temos feito, tivemos a ventura de encontrar
um autor, quiçá o maior cristão do nosso século, que soube desvendar este mistério,
além de outros, porém, de um modo profundamente científico e tão esparso em suas
várias obras20, que presumimos prestar um bom serviço aos que estudam, aos que
aceitam a crença de uma vida futura, ao próprio sacerdote peiado em sua liberdade
espiritual por leis canônicas e aos que procuram verdadeiramente salvar seu espírito
pela verdadeira fé, publicando este pequeno rascunho.
O que é a fé senão a convicção íntima da própria consciência?
É pela consciência que a fé em Deus é revelada.
Quem diz consciência, já diz "com ciência", e a consciência só pode ser
robustecida pela ciência emanada da Unidade, isto é, de Deus.
Consciência imposta por outrem e arquivada em cérebro peiado pela
ignorância, pela força, pelo terror ou pela conveniência própria, poderá adaptar-se
comodamente de uma vez para sempre, como a ostra ao rochedo; mas jamais essa
20 Saint-Yves D'Alveydre— Mission des Juifs, Mission des Souverains, Mission des Français, Mission
des ouvriers, Les Mystéres du Progrès, Jeanne d'Arc victoriense. La clefa de l'orient, La Théogonie
des Patriaches, L'Archeometrè etc. etc. Missão da Índia na Europa e Arqueometro (ambos
lançamento da Madras Editora)
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consciência, em sua própria consciência íntima, terá consciência firme e
esclarecida de possuir um vislumbre da verdade.
Quando um espírito é roído pelo terror de perder a fé, se ele modificar sua
crença, este espírito está privado da verdadeira certeza. A recusa de discutir
qualquer ensino oficial prova que esse espírito está obcecado pelo terror, o que
destrói sua confiança íntima.
Fraquíssima, pois, deve ser essa fé.
A fé quer homens livres, disse Paulo aos Gaiatas.
A consciência livre enaltece e alegra o homem; a consciência escravizada
embrutece e entristece o homem.
São Tomas de Aquino disse: "A fé é a coragem do espírito em atirar-se
para frente, certo de encontrar a verdade".
Esse Pai da Igreja foi reconhecido por Leão XIII como sendo o maior
teólogo e filósofo do Catolicismo.
Santo Agostinho, outro Pai da Igreja, dizia: "Creio para compreender", O
que é o mesmo que dizer: creio porque compreendo.
São Luiz, rei da França, respondeu uma vez aos judeus:
"Nada receeis. Um sábio não impõe um culto, pois a Fé é a própria
manifestação da liberdade das Consciências".
Swedenborg afirma que, "sem um fundo de conhecimentos extremamente
necessários, a fé não pode existir".
A fé, diz ele ainda, "é o conhecimento interno da verdade".
A fé, dizemos nós, é o fio de Ariadne que nos conduz no labirinto em
busca da saída.
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A fé não é a submissão a um sistema lógico, mas sim a uma experiência
pessoal (E. Secherg).
A fé católica, segundo Camille Flammarion, é uma forma mascarada da
ignorância.
Para que a fé possa existir na sua plenitude, é preciso que a dúvida já
existia, sendo ela a estimulante da fé e a mola real do pensamento.
A dúvida eleva o espírito humano a tais alturas e de tal modo que ela
pode discernir, senão o enigma do mundo, pelo menos as luzes que o cercam.
Descartes, pondo em dúvida as doutrinas anteriores, dizia que a dúvida é
o que o conduzia à experiência.
Já se foram os tempos em que São Tertuliano, por espírito de submissão,
dizia: "Creio por ser absurdo — Credo quia ineptum".
O Catolicismo diz, mas, sem base, que a fé é um dom de Deus concedido
a quem bem lhe parecer. Portanto, os que não têm a fé católica não podem ser
responsáveis de não ter o Criador julgado acertado lhe conceder esse dom, que só
dele depende, o que não deixa de ser uma injustiça, ou então procurou desse modo
livrar essa criatura do caminho do erro.
Do mesmo modo, não se pode tratar de inimigo ou malfeitor àquele que
não se beneficiou desse dom da fé, porque essa fé não poderia ter nele se
manifestado, uma vez que Deus não lhe concedeu.
A fé não se impõe por meio de procissões, nem é talismã que se apregoe
e ofereça à venda pela propaganda.
O Catolicismo quer que a fé seja uma qualidade, quando, de fato, é o
mais pernicioso defeito do homem, quando não guiada pela ciência. A fé cega,
segundo o príncipe J. Lubomorski, é um mal porque ela se opõe a todo
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aperfeiçoamento. Não sendo ela perfeita, no ponto de vista concebível, ela engendra
o fanatismo, coisa que não existe, por exemplo, na lei.
Não se pode, porém, conceber descrição mais profunda e bela acerca da
fé do que a que foi feita pelo Dalai-Lama, do Tibete, Lobzang Gyatso, à escritora
Alexandra David Niel21. Diz ele:
"Uma fé unida a um intelecto desenvolvido leva o
sujeito a cair no erro e a tornar-se um criador de discursos.
“Uma grande fé unida a um fraco intelecto inclina o
sujeito a cair no erro e a tornar-se um sectário encurralado no
caminho estreito do dogmatismo”.
“Um grande ardor, sem um ensino correto, impele o
sujeito a cair no erro e a adotar conceitos extremos e falsos”.
“A prática da meditação, não estando unida ao
saber, força o sujeito a cair no torpor estúpido ou na
inconsciência".
Religião ou Culto que precise manter uma Repartição de Propaganda da
Fé, como faz o Catolicismo, é indício evidente de que a mercadoria está depreciada
e o número de fregueses vai à decadência, conforme Pio XI é o primeiro a
reconhecê-lo publicamente, como veremos mais adiante.
Quando foi inaugurada a estátua do Cristo Redentor, no Alto do
Corcovado, no Rio de Janeiro, todo o episcopado, aproveitando a oportunidade de
estarem presentes quase todos os bispos, reuniu-se em Sessão Secreta22, no salão
21 Les initiations lamaiques.
22 Toda a imprensa de 13 de outubro de 1931.
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da Biblioteca do Palácio São Joaquim, "a fim de serem debatidos importantes
problemas que diziam respeito à vida da Igreja Católica e o melhor meio para a
Propaganda da Fé".
Isso é típico, e esdrúxulo, pois a fé deve ser propagada claramente, à luz
do dia, pela palavra, pela imprensa, pelo exemplo e não às escuras, em
subterrâneos ou salões fechados, secretamente, fora das vistas dos mesmos
crentes, como fazem as sociedades inimigas da humanidade e da civilização.
Budismo, Maometismo, Israelitismo etc., jamais lançaram mão de expediente de
camelotagem para revigorar a fé dos seus fiéis.
Jesus mandou que os discípulos difundissem sua doutrina urbi et orbe,
pobremente vestidos, sem dinheiro, sem tralha, dando o exemplo da humildade. Os
que quisessem ouvir, ouvissem, os que não quisessem ouvir, passassem adiante.
O contraste entre esses 12 discípulos e os de hoje é por demais frisante.
Diz F. Pfister23, professor de Filologia da Universidade de Wurzburg: "A fé
religiosa difere conforme as classes do povo e seu grau de espiritualidade; a dos
cultivadores não é a mesma da dos letrados; sábios e filósofos também possuem
modos diversos de ver".
Acerca da fé, em suma, não nos parece que alguém tenha desenvolvido a
tese com mais mestria do que Pierre d'Angkor24.
Por isso, procuraremos fazer dos nossos retalhos, embora mal alinhados,
uma colcha mosaica que, quando mais não seja, servirá para agasalhar o espírito
dos incrédulos, dos materialistas e mesmo alguém de credo divergente, até que ele
possa sentir o vivificante calor que o tirará da algidez em que vivia, por falta de uma
pequena brasa.
23 Le catholicisme et l'Avenir religieux — Paris, 1929.
24 Les religions du Monde.
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Então, quiçá, procurando aconchegar-se ao fogo central de onde irradia
esse calor e essa luz, nos agradecerão por ter-lhes apontado o caminho, só
conhecido de poucos, porque o resumido número de volumes de cada obra editada
baseia-se no fato de que o marquês Saint-Yves D'Alveydre fazia questão de
qualidade de leitores e não de quantidade.
Esse autor em uma de suas obras, Mission des Juifs Missão dos Judeus*,
trabalho que despertou sensacional admiração dos sábios e escritores sacros,
inclusive os de credos antagônicos, havia também escrito um capítulo de cento e
poucas páginas a respeito da personalidade de Jesus; mas, desta vez, no sentido
puramente esotérico25 ou oculto de sua vida. Como, porém, diz ele, ser sua missão a
de trazer um ramo de oliveira e não a de espetar mais uma espada neste planeta,
viu-se forçado em queimar seu trabalho, certo de que prestaria melhor serviço à
humanidade do que lhe fornecendo nova arma para lutas Inglórias. É de lamentarse.
Nos catálogos franceses, lê-se a seguinte apreciação que bem define, em
seu laconismo, o valor desta obra:
“ ‘Missão dos Judeus ou da Judeu-Cristandade’ é
uma obra magistralmente concebida e superiormente descrita".
"É um belo tratado religiosamente social,
socialmente religioso e profundamente científico. Esse livro não
é um resumo, ele é propriamente um condensado da ciência de
todas as eras."
* N. do E.: Acerca do Assunto, sugerimos a leitura de O Livro Completo sobre a história e o Legado
dos Judeus, de Julie Gutin e Richard D. Bank, Madras Editora.
25 Significa os de dentro, assim como exotérico significa os de fora.
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Gustavo Barrozo, um dos nossos distintos acadêmicos, escrevendo, uma
vez, a respeito da Liga das Nações, cuja primazia é dada a Saint-Yves, classificou
aquele trabalho de "estonteante obra de Saint-Yves". É pena, porém, que ele não
tivesse estudado mais demoradamente essa obra, porque, então, não teria em seu
belo trabalho Aquém da Atlântida, classificado esse autor de "ocultista", refratário
como ele era a qualquer sistema de teosofia ou de magia branca ou negra.
O Arqueômetro
Porém, mais estonteante, mais extraordinariamente religiosa e mais
altamente científica, é sua última obra póstuma O Arqueômetro26. (O Arqueômetro),
verdadeiro "Selo do Deus Vivo", segundo a expressão do apóstolo João, e é do seu
atencioso e difícil estudo que julgamos ter encontrado a resposta à interrogação e a
razão da afirmação deste capítulo.
A palavra "Arqueômetro" vem de dois termos védico e sânscrito: Archa-
Metra.
Arka significa o Sol; mas, pegando letra por letra, de acordo com a
"Ciência do Verbo", verifica-se que:
A é o diâmetro da circunferência. É essa sua figura no alfabeto adâmico
ou vattan que damos adiante (Figura 10).
Ar é o círculo armado de seus raios, a roda, radiante da palavra divina.
Ka lembra a matese primordial unindo o Espírito, a Alma e o corpo da
verdade.
Ark significa a potência da manifestação. A inversão desta palavra:
Kra-Kar-Kri significa criar, realizar uma obra, etc. O latim diz creare; o
irlandês, Kara-Im.
26 Vide Figura 1.
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Arka é a mesma palavra, encantando com número e ritmo, o hino dos
hinos, a poesia do Verbo.
Matra é a medida mãe, por excelência, a do Princípio; é o Baraschith dos
templos egípcios, o Berazet do primeiro Zoroastro, o BaRatA do Bharata divino.
"É um verdadeiro aparelho de precisão das altas
ciências e das artes, seu transferidor cosmométrico, seu
estalão cosmológico, seu regulador e seu revelador
homológico”.
"Ele traz todas ao seu princípio único e universal, à
sua concordância mútua, à sua síntese sinárquica (de
sinarquia)27.
“Esta síntese, que nada mais é do que a Gênese do
Princípio, é o Verbo mesmo, e ele autografa seu próprio nome
sobre o primeiro triângulo do Arqueomêtro, S-O-Ph-Ya —
Sabedoria de Deus — (conforme veremos mais adiante —
Figura 2.).
"Mas, para fazer compreender as aplicações
possíveis do Arqueômetro, como revelador e regulador
experimental desta Gênese e desta síntese, seria preciso
entrar em considerações sem fim."
27 Sinarquia, antítese de Anarquia. Termo adotado por Saint-Yves, puro o Novo Regime Social do
Mundo — o Reinado da Paz — o Reino do Céu, cujo programa se acha definido em suas obras.
(Esse assunto é tratado amplamente por Saint-Yves D'Alveydre em O Arqueômetro, lançado no Brasil
pela Madras Editora.)
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Tendo assim falado os "Amigos de Saint-Yves", constituídos em
Sociedade Anônima, sob este título, para dar publicidade a esta e a outras obras do
Mestre, após sua morte, e, na impossibilidade de reproduzirmos aqui este genial
instrumento, inspirado, quiçá, no Apocalipse de João, cuja analogia é surpreendente,
daremos, simplesmente, um resumo dele sem as cores, sem as notas de música,
sem o sistema planetário e zodiacal etc., para melhor nos fazermos compreender,
limitando-nos unicamente ao que necessário for para o nome que constitui o nosso
estudo — Jesus — (Figura 2).
Comparando-se este instrumento, que, de fato, se move, e que é
positivamente um livro condensador de todas as religiões e ciências da Antigüidade,
com o Apocalipse de João, livro circular ao qual, igualmente, já se referiram os
profetas28, o mesmo que o anjo mostrou a João e a Ezequiel, e que estes comeram,
sentindo-o doce na boca e amargo no ventre29, o mesmo que Deus mostrara a
Moisés no monte, o mesmo que Maomé diz não lhe compreender os mistérios, o
mesmo a que Jesus fazia alusão, contendo as ciências que os fariseus não
entendiam e não deixavam que outros compreendessem, verifica-se a flagrante
analogia entre eles e deduz-se, sem grande esforço, que a suposta visão psíquica
de João foi-lhe dada verbalmente pelo divino Mestre Jesus, fornecendo-lhe a chave
do Mistério da razão de ser do Universo e das antigas religiões da humanidade,
baseadas na Astronomia, chamada outrora Astrologia.
O simbolismo de bestas com seis cornos e seis olhos, etc. encobre essas
ciências, algumas das quais Jesus mandou que ele as selasse, isto é, não as
desvendasse. Salomão em "Provérbios" IX, 1, diz: "A Sabedoria já edificou sua casa
e já lavrou suas sete colunas". Essas sete colunas são os sete selos com que está
28 Ezequiel I, 9, 10 — III, 1,2,3— Ps. XI, 7.
29 Apocalipse X, 9. Expressão simbólica significando agradável á inteligência; mas de difícil estudo.
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selado o Livro em que repousa o Cordeiro nas igrejas do próprio Catolicismo, e de
que fala o Apocalipse.
Esses sete selos são os sete planetas vistos na Figura 1, em seus
respectivos lugares astronômicos. São as sete cores do espectro solar, as sete
notas da música (musicais), as sete correspondências do corpo humano, os sete
dias da semana, as sete vogais etc.
Todos sabem que Salomão foi considerado rei sábio, depositário da
tradição de Rama, por seu pai Davi, que a recebeu de Abram (Ab-Rani), Abraão e
que este sábio tinha conhecimento desse livro circular, tanto assim que a
posteridade lhe atribui a paternidade, chamando-o de "Signo de Salomão".
Mas não é aqui o lugar para tratarmos do Apocalipse que tem feito correr
tanta tinta e surgir dezenas de engenhosas combinações e fantásticas
interpretações.
Nas Elucidações trataremos mais detalhadamente deste livro.
Ora, se Jesus não tivesse deixado a chave dessa criptografia,
simbolicamente representada pela chave de São Pedro (a chave do céu do
Catolicismo) e que figura na tiara do Papa (com três coroas), chave infelizmente
perdida pelos sucessores de Pedro nos campos de batalha das sangrentas
Cruzadas, não se poderia compreender tal imprevidência por parte de Jesus nem
admitir que Ele tivesse pregado ao povo israelita, por assim dizer, em chinês, por
meio de parábolas ou charadas, incompreensíveis até aos próprios apóstolos que o
acompanharam, sem resultado prático, portanto, para a redenção daquele povo, em
particular, e da humanidade em geral que, por isso mesmo, tem sido vítima de
exóticas interpretações, causando a divisão de sua própria casa.
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Certamente esta chave existe e, para nós, ela se encontra no Apocalipse,
cuja analogia com o Arqueômetro, como dissemos, é flagrante. Com ela se abrem
não só o Novo Testamento de Jesus como o Velho Testamento de Moisés. E, como
diz Saint-Yves, "é inadmissível que Jesus tivesse feito uma promessa inviável. Essa
chave foi dada a Pedro e a João".
E se o leitor quiser também possuí-la, a fim de pesquisar a verdade, o
mistério do Apocalipse lhe será desvendado, não baseado em interpretações
metafísicas que pululam na literatura religiosa, mas na positividade científica dos
números que não admite sofismas, lhe aconselhamos a Grande Obra de Dupuis:
Origine de tous les Cultes.
Claude de Saint-Martin, filósofo desconhecido, diz "ao homem é que
compete subir para ir buscar a chave, pois, decerto, ninguém lhe virá depositar em
suas mãos neste planeta".
E Matter, seu apologista, diz: "É em nós que encontramos a chave desta
Ciência: são os raios da luz divina que iluminam nosso interior".
É preciso, porém, eliminar a preguiça do espírito se quisermos vislumbrar
essa luz.
Para o cabal estudo, portanto, do Arqueômetro, mister se faz possuir essa
chave auxiliado por uma colossal soma de conhecimentos lingüísticos da
Antigüidade, sobretudo o sânscrito e o hebraico, e não pequena dose de ciência das
quais sobressai a música.
Vê-se, por aí, quão difícil, pois, nos seria dar sequer uma sucinta
explicação desse aparelho, que trouxe a descoberta da Arquitetura Musical do
verdadeiro Metro Musical, da verdadeira cromatonia etc.
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Limitaremo-nos, por conseqüência, em reproduzir, com um sorriso de
compaixão, o corriqueiro desenho ingenuamente denominado pelo povo de "Signo
de Salomão", cujo resumo a seguir representa simplesmente sua figura geométrica,
hexagonal, despida dos atributos conhecidos por aquele sábio rei, depositário, como
já dissemos, da tradição de seu pai Davi (árvore genealógica de Jesus), que
cultuava a religião de Tama, da qual Ab-Ram (Abraão) havia sido um dos Pontífices,
pois tal é a significação de AB-Rama: paternidade, filiação de Rama, no tempo em
que vivia o homem que representava essa Congregação em Uhr, transformado mais
tarde em Ab-Ra-Ham (Abraão) por motivo que seria longo esclarecer aqui: mas a
respeito do que, mais adiante, nas ocuparemos, nas Elucidações.
O Arqueômetro, propriamente dito, é, pode-se dizer, um aparelho
constituído por dois discos fixos e dois movediços, com redução de seus diâmetros,
paia permitir a leitura dos elementos de que se compõem os inferiores, de modo
que, desenhado um triângulo eqüilateral em cada um, os quatro passarão a Formar
uma estrela de 12 pontas. Esse aparelho pode ser visto na Biblioteca da Federação
Espírita Brasileira.
Em cada uma das pontas dessa estrela dodecenal, há uma letra do
alfabeto de 22 letras usado por todos os templos da Antigüidade, o que produz a
soma de 12, correspondente às 12 consoantes e às 12 constelações do Zodíaco, aí,
também, inscritas em suas verdadeiras posições astronômicas, e não
arbitrariamente, o que é importante dizer (Figura 1).
Um dos círculos concêntricos é composto de seis pontas, e a cada uma
corresponde uma letra das sete vogais em uso naquela época30, bem como as sete
notas musicais, as sete cores do espectro solar e os sete planetas. Mas, como as
30 Sur l'origine l’ècriture — Marquis de Fortis d'Urban, Paris, 1938
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pontas são somente seis, vemos que a vogal A vai ocupar o centro, como diâmetro
da circunferência q, pois ela é, como já dissemos, sua figura geométrica ou
morfológica na língua adâmica, como veremos mais adiante, ligando assim as seis
cores homólogas ao centro, em que é reconstituído o raio branco em sua extrema
pureza, contrariamente aos sistemas de Newton e de Chevreuil, em que ele é
cinzento. A nota Mi, de uma importância capital, bem como o Sol, à roda do qual
giram os seis planetas, também ocupam o centro.
Fazendo-se girar esse aparelho, assiste-se a um curioso fenômeno de
vibrações ondulatórias do éter, em que a cor amarela, a única fotogênica, sobrepuja
as outras mais vivas na aparência, pela coloração do ambiente. Também na mesma
Biblioteca pode ser visto esse aparelho.
Mas, para não complicar essa descrição, deixaremos de falar de suas
funções.
Para nossa tese, precisamos unicamente utilizar o hexágono produzido
pelos dois triângulos equilaterais, colocando-lhes exteriormente as letras que lhes
pertencem e algumas interiormente em seus verdadeiros lugares matemáticos, para
o caso a respeito do qual, também, teremos de nos ocupar.
Essas letras, representadas no Arqueômetro, em vattan ou adâmico,
sânscrito, aramaico, sírio, hebraico, chinês31 etc., tomam sons diversos no sânscrito,
segundo as regras eufônicas do Ramayana, conforme a direção de sua leitura, da
direita para a esquerda ou vice-versa, e o O tanto se pronuncia O como U ou V. O
mesmo dá-se com a letra Y que tem som de I ou J.
31 Os modelos serão dados adiante.
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Figura 2
Na Biblioteca da Federação Espírita Brasileira acha-se um quadro
arqueométrico por nós organizado, no qual se vê o alfabeto templário das línguas
orientais, até o do primitivo chinês, trigrama de Fo-hi, distribuído de acordo com seus
valores, identificando-se mutuamente em sua morfologia universal.
Afirma Saint-Yves, com a maior convicção científica, posta à prova em
todos os seus trabalhos, que as letras colocadas sobre o Arqueômetro não
obedeceram absolutamente à vontade humana, nem são o resultado de nenhuma
combinação fantasiosa, o que afastaria, ipso facto, seu caráter científico na mais
rigorosa acepção do termo. Elas ali se colocam autologicamente, obedecendo
unicamente a uma lei divina, à Lei do Verbo, representando as forças fenomenais
do Cosmos, e são falantes por sua própria natureza morfológica.
Não é em vão que a tradição se conservou sobre o valor cabalístico de
certas palavras, empregadas ainda hoje, disparatadamente, por ocultistas, feiticeiros
e até pelo próprio Catolicismo e seus exorcismos.
Para ser provado, seria preciso que reproduzíssemos aqui o primeiro
alfabeto da humanidade, o vattan, outrora chamado adâmico, ainda conservado no
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Racional dos Bramas, o que nos afastaria um pouco do nosso rumo; contudo, mais
adiante nas Elucidações procuraremos esclarecer alguns pontos suspensos e
nessa ocasião falaremos desse alfabeto.
A cada letra, no Arqueômetro, corresponde um Número. Esses Números,
que constituem um capítulo especial da Bíblia, incompreensível a quem o lê sem
possuir a chave, pertencem a uma matemática quantitativa e qualitativa.
Quantitativa pelo seu valor numérico e equivalente às vibrações sonoras e
cromométricas dos gabinetes da física, e qualitativa pela correspondência verbal que
possuem com as forças fenomenais do Universo sideral, com sua Logia, legislada,
isto é, com o Verbo Criador, porque é bom dizer que a palavra humana não é a
conseqüência do esforço dos primitivos seres racionais, como alguns antropologistas
querem, mas, sim, uma incidência refletiva da Divina Palavra, dada ao homem para
diferenciá-lo do resto da animalidade e poder glorificar seu Criador, que é o próprio
Verbo.
Essa é a razão pela qual o gorila, o chimpanzé, o orangotango, a cujas
conformações fisiológicas e anatômicas nos assemelhamos, nunca falaram, não
falam nem nunca falarão, apesar dos esforços tentados pelos sábios e pacientes
zoologistas. Por isso algo de misterioso deve haver no homem mudo, cuja
circunvolução de Broca não se desenvolveu normalmente. Se a palavra lhe foi
recusada pelo Criador, equiparando-o ao gorila, verdadeiro homem das selvas,
quem poderá, em boa consciência, afirmar que essa anomalia não tenha sido
causada pelo mau uso que ele fizera da mesma, em outras vidas, blasfemando o
Onipotente? De outro modo seria uma injustiça de Deus!
Há um tipo de macaco na África ocidental chamado Kooloo-Kamba. As
duas faces são lisas, a testa é elevada, tem olhos grandes, assemelhando-se a um
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chinês ou a um esquimó. Tem barba no queixo e possui as orelhas iguais às do
homem; mas não fala.
O gorila tem os braços longos, as pernas curtas, quase sem pescoço. E o
que mais se aproxima do homem, isto é, dos primitivos africanos da Guiné, não só
pela dimensão e estrutura do corpo, mas, especialmente, pela conformação do
braço, da mão, do pé e da bacia, visto que fica um grau abaixo do chimpanzé, por
possuir este a forma do crânio e do cérebro idêntica à do homem; mas também não
fala.
Licktenstein, sábio alemão, falando do Bosquimano, diz que esse
homem, habitante das selvas africanas, apresenta a verdadeira fisionomia do
pequeno macaco azul da Cafraria. A vivacidade dos olhos de um Bosquimano, a
flexibilidade de suas sobrancelhas torna essa comparação acentuadamente exata.
As narinas e os cantos da boca, que digo?... as próprias orelhas desse homem
moviam-se involuntariamente32. Por outro lado, não havia um só traço em todo o seu
rosto que indicasse a consciência de uma inteligência, tão limitada quanto fosse.
Tornou-se célebre a frase de Haekel, acerca desses rudes africanos: "para quem
quer que estude sem preconceitos a natureza: os Bosquimanos aproximam-se
mais do gorila e do chimpanzé do que de um Kant ou de um Goeth".
Contudo, ainda assim, eles possuem uma linguagem articulada, se bem
que muito limitada, e uma numeração que não passa de dez, e isso os coloca acima
daqueles macacos, por possuírem o Verbo, o Espírito de Deus, a inteligência e o
raciocínio, que neles é substituído pelo instinto da conservação. São esses os
famosos macacos a que se refere o célebre poema "Ramayana", que auxiliaram
32 Particularidade de alguns homens ainda hoje.
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Rama a vencer. São esses selvagens dos Serros azuis habitados por grandes
macacos semelhantes a gorilas que Rama civilizou.
Não são, pois, macacos, propriamente falando, como se lê naquele
poema; mas homens dotados da palavra, embora muito rudimentar.
Ciências Ocultas
Pela descrição sumaríssima que acabamos de fazer do Arqueômetro,
pedimos insistentemente não se ver nele a menor sombra de ocultismo ou de
magia. O Arqueômetro é totalmente refratário a essa classificação, pois, sendo
profundamente científico, deixa de ser oculto, porque o que está oculto deixa, por
isso mesmo, de ser científico. Daí a impropriedade da expressão: "Ciências ocultas".
Ciências ocultadas é que deve ser.
As quatro hierarquias dessas ciências eram representadas pelas quatro
letras do nome de Deus: IEVE, isto é, I.E.Vau.E., ou seja, Jeová, constituído pelo x
algébrico que oculta a verdade.
Figura 3
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Filon declara, expressamente, que não era permitido ouvir o nome de
IEVE e ainda menos de pronunciá-lo ou transcrevê-lo literalmente.
Abraão chamava Jeová de Shaddaï.
Os israelitas não o pronunciam, tal é o respeito que lhe consagram, por
isso o substituem pelo nome Adonai.
O mesmo fez Jesus, substituindo-o por Pai.
As próprias letras, segundo dizem seus cabalistas, são brasas que
queimam, sendo mister saber manejá-las com critério.
São Gregório de Nazianza diz que esse nome é inconcebível ao espírito e
inexplicável pela palavra. É um santo do Catolicismo que fala.
Segundo os profundos estudos de J. B. F. Obry33, o termo IEVE (Jeová)
proclamado por Moisés parece ser um derivado do Yahvah sânscrito, tendo íntima
relação com o deus do fogo, indiano, Agni, visto como, para Moisés, Jeová era um
fogo devorador que residia na Arca, segundo se lê na Bíblia.
Na Pérsia, Deus era representado pelo fogo, simbolizado no Sol.
E, de fato, IEVE (Jeová) residia na Arca que ele mandara Moisés
construir, conforme as indicações que se encontram em Êxodo XXV, 10 em diante.
Essa Arca, segundo a descoberta de Saint-Yves, que revolucionou a
ciência do seu tempo, não passa de um formidável acumulador elétrico,
especialmente orientado com o magnetismo terrestre, como ali é recomendado, e no
qual Moisés se saturava de eletricidade, para produzir os prodígios de fulminação de
milhares de pessoas, de que reza a Bíblia.
33 Jehovah et Agni — 1870.
50
Basta reparar nos detalhes da descrição de sua construção para verificar
quais os elementos positivos e negativos, suas posições no campo magnético da
Terra, a utilidade dos querubins com suas asas, a água etc.
Essa Arca, que não era acesa por nenhum fogo artificial, conforme se lê
em Apocalipse XIII, 13 — Reis I, XVIII, 38 — Levítico IX, 24, derretia, contudo, as
carnes dos carneiros imolados e fulminava quem dela se aproximasse sem a devida
ciência (Levítico X, 1, 2).
De dia, dela se desprendia uma nuvem e à noite ela emitia uma luz.
Esse fogo celeste era empregado na Pérsia, na China34 e na Grécia, para
o mesmo fim religioso.
Jeová era, pois, um fogo devorador, digamos logo: a eletricidade.
As pesquisas modernas dos Andes e de um patrício nosso em
Pernambuco, talvez mal orientadas, têm por fim a captação dessa eletricidade
atmosférica, cujos resultados, embora medíocres, comprovam aquela possibilidade
em alta escala.
Isso é dito desde já, para corroborar o que diremos mais adiante sobre a
semelhança da Bíblia com os livros anteriores da Babilônia, da Índia, da Pérsia etc.,
e que o próprio Moisés diz ter tido seu conhecimento.
As últimas escavações feitas na Babilônia têm fornecido inúmeros tijolos
com inscrições de Yevah, o que prova, sem receio de contestação, ser esse nome
muito anterior a Moisés, e, portanto, sujeitos à controvérsia os versículos 5 e 6 do
capítulo XXXIV de Êxodo, que, pela primeira vez, se referem ao nome de Jeová,
porquanto, tanto em Gênese como até aí, Deus era simplesmente o Senhor. Em
hebraico, porém, esse nome traduzido por Senhor é representado pelo termo
34 Vide: Templos.
51
Elohim, que significa, conforme veremos posteriormente, as forças da natureza, por
isso só mais tarde Moisés empregou o termo Jeová.
Como o termo Jeová oferece a vantagem de ser dividido em três: Ye —
Ho — Va, correspondendo, assim, metaforicamente, ao passado, ao presente e ao
futuro, o Catolicismo, sempre por espírito de imitação do Paganismo*, fez dele três
hipóstases: Pai, Filho e Espírito Santo e colocou este Tetragrama em um triângulo,
como representando as três pessoas da trindade, do mesmo modo como se vêem
no triângulo da Figura 2 as três letras de Jesus Y — Sh — O.
Segundo Abel Remusat35 esse tetragrama também foi conhecido na
China, provavelmente oriundo dos egípcios, e era assim dividido: Y — He — Vei
obedecendo à fonética chinesa. Lao-Tsé simbolizava esse termo da seguinte forma:
“Y — aquele que vedes, mas não nomeias.
He — aquele que ouvis, mas vossos ouvidos não ouvem.
“We — aquele que vossas mãos apalpam, mas não podem
segurar”.
Segundo os talmudistas foi Simeão, o justo, morto em 292 a.C, o último
Pontífice que proferiu em voz alta o divino tetragrama, de acordo com o valor das
próprias letras, na grande bênção do povo, por ocasião da solenidade do dia da
explicação. Simeão predisse os futuros prodígios de Jesus, tal qual Asita profetizou
o futuro do seu filho Buda.
Ora, que essas ciências tivessem sido ocultadas pelos sábios dóricos
numa época da História da Humanidade, a partir do cisma de Irshu, 3.200 anos
* Sugerimos a leitura de Cristianismo e Paganismo — A Conversão da Europa Ocidental, de Jucelyn
Nigel Hellgarth, Madras Editora
35 Memoires sur Lao-Tsé.
52
antes de Jesus Cristo, pela perseguição movida pelo Ionismo ora nascente, é
questão sobejamente provada por eminentes sábios do Egito, da antiga Grécia, da
índia, da China e por modernos, entre eles o padre católico Moreux, diretor do
Observatório Astronômico de Bourges, em sua notável obra La Science Mystérieuse
des Pharaons, e, portanto, insuspeito e com autoridade suficiente para tapar a boca
de fanáticos contestadores.
Dessas ciências, muitas chegaram até nós, como a Alquimia que
rebatizamos de Química, a Magia que escamoteamos para Física, a Morfologia que
rotulamos como Geometria, a Astrologia que sorrateiramente transformamos em
Astronomia, e outras que desapareceram até serem redescobertas um dia com
outros nomes, como soem ser a Astrosofia, a Teurgia etc.
A epístola de Paulo aos hebreus é toda dedicada a essas ciências que
ele, como judeu letrado, conhecia suficientemente36, não as podendo, porém,
explicar àquele povo porque este não o entenderia37.
São essas ciências que Jesus censura aos fariseus de terem tirado a
chave, não podendo penetrá-las nem deixando que outras as penetrassem.
Por isso não respigaremos, por ora, sobre este ponto que foge do nosso
alvo, se bem que a Ciência do Verbo era, e ainda é, positivamente uma ciência de
que o Arqueômetro veio como para constituir exatamente o aparelho de precisão,
que revela e controla as palavras de todas as línguas antigas, desde a vatânica, ou
seja, a adâmica, tomando este termo Adam (Adão) na sua primitiva significação
védica e sânscrita de Unidade, Universalidade, e não como o Pai carnal do gênero
humano, simbolizado posteriormente por Moisés em sua Gênese, inspirada na
Cosmogonia caldaica, em cujos planisférios astrológicos se verifica a figura de uma
36 II Coríntios XI, 6 — "E se também sou rude na palavra, não o sou, contudo, na ciência."
37 "... porque não me entenderíeis: precisais de leite e não de alimento sólido".
53
árvore com uma serpente enroscada, ladeada por um casal humano, oferecendo um
fruto (Figura 7). Esse casal, em outros planisférios, tem o nome de Signo Zodiacal:
Gêmeos.
Olhando o triângulo norte da Figura 2, vemos nele escritas as letras Y —
Sh — O e, no triângulo sul, as letras M — R — He, as quais, lidas em adâmico,
védico, sânscrito e em muitas outras línguas, se pronunciam IESU — MARIA. Nas
"Elucidações", daremos uma explicação mais detalhada dessas letras.
Quando Krishna pontificava na Índia, 3.200 anos antes de Cristo, era esta
a síntese divina que representava o Princípio Indivisível, o Princípio macho e fêmea,
e que constituía a Religião Universal, monoteísta, com exclusão, porém, da Europa
que ainda era selvagem, vivendo seus habitantes em grutas de pedras.
Esta religião, diz Saint-Yves, já contava com várias sínteses e Alianças
superpostas:
1 - A universal de 1 — Sh — Va — Ra.
2 - A indiana das raças morenas, a do Bharat de IshVaRa.
3 - A ariana conquistadora de Rama.
4 - O sistema de Nared, ligando-se à proto-síntese.
5 - A bramânica concordatária, a de Krishna, fonte do Abrahamismo.
Da letra Y é que partia todo o movimento emissivo e remissivo na
formação dos termos litúrgicos ou científicos, e esta letra era atribuída desde aquela
era a Jesus, Verbo Criador: I-Sh-O (Iesu) — I-Ph-0 (Verbo) que, também, se lê no
mesmo triângulo norte, e que na tradição dos astecas, que derivaram dos atlantas,
também se referia ao Verbo Criador em QUETZALCOHUATL.
54
Essa tradição diz que esse Deus era benigno, que havia vindo do Oriente,
que era alto, de tez branca, de barba e cabeleira negra, que por terem-no maltratado
e enxotado, retirou-se profetizando que brancos como ele viriam um dia conquistar
aquele povo, do qual não ficaria vestígio da sua civilização.
Suas máximas eram idênticas às do Nazareno: "Vestir o nu e dar de
comer a quem tem fome. Amar seu semelhante" etc.38
Notemos de passagem que grande quantidade de palavras astecas é
composta por OTL e terminam em ATL, radical de Atl-ante, e significam, de acordo
com a matemática qualitativa: Limite das Águas, e parecem referir-se ao fim do
cataclismo diluviano que demarcou o território.
Esta letra Y é a letra do Filho que tem de sentar-se à direita do Pai —
EVE — a que muitas vezes Jesus aludia, pois, em hebraico, Jeová se escreve EVEI39.
É uma das analogias desse aparelho com as rodas do Apocalipse que só
giravam para um lado e não retrocediam, pois todas as palavras partiam dessa letra,
isto é, da direita para a esquerda, como frisa o mesmo João, quando fala da porta
aberta no Oriente, pela qual ninguém pode entrar ou sair.
Mas não divaguemos.
Um cisma houve, portanto, que não cabe aqui relatar, mas do qual
estudiosos encontrarão amplos detalhes na Mission des Juifs, promovido há cerca
de 5.200 anos pelo ambicioso regente Irshu, de onde se originaram os irshuitas, a
38 Mario d 'Arpi — México — Ed. de Bergano, Itália.
39 O sr. Jinarajadasa, distinto médico indiano, escritor e filósofo, por ocasião de sua passagem pela
capital do Brasil, em outubro de 1928, em sua notável conferência, não deixou de estranhar que um
povo culto, como o nosso, consentisse que se usasse em rótulos de garrafas de cerveja o nome da
síntese divina de um povo de 400 milhões de almas — Brahma — bem como se ver Buda — síntese
divina da China e da Índia, servindo de peso para papéis ou outros mistérios, ao passo que naquelas
nações ninguém se atrevia a usar a cruz como emblema mercantil. Estranhou, também, saber que se
emprega aos berros o nome de Deus de Israel — Evohé! (Jeová) como grito de loucura carnavalesca,
em honra a uma suposta divindade mitológica — Momo. Bem se poderia inventar outra coisa para
substituir essas inconseqüências.
55
que tanto se refere a Bíblia e que deu lugar à célebre concordata com Krishna, em
tirar a supremacia da letra Y que passava a pertencer à letra M do triângulo de Maria
(MRHe) — Figura 2.
É o atual M da misteriosa e mística palavra do bramanismo AUM
(pronunciar: OM).
O cisma de Irshu, descrito por Fabre d'Olivet e extraído do livro védico
Skanda-Purãna, foi publicado por Wilford, no tomo III de Asiatic Researches.
Foi esse cisma que produziu os cultos assírios, fenícios, astecas, sivaitas,
a idolatria dos negros e dos polinésios, os deboches dos Naturalistas gregos e
romanos, o sadismo degenerado da Idade Média, as lubricidades modernas dos
adeptos de Voisinet, de Vintras, o Cesarismo caótico dos Bórgias, enfim, a moral
arrivista atual dos decadentes e nossa mixórdia internacional40, para atingir ao
moderno feminismo que ameaça desorganizar a vida social da humanidade41.
Irshu era irmão de Tarak'hya, filhos do rei Ugra.
Os partidários de Irshu se chamavam por ironia os Pallis, isto é, em
sânscrito, os Pastores, tão citados na Bíblia (os Reis Pastores).
Sem entrarmos em pormenores que complicariam esta dissertação,
diremos somente que dessa transposição de letras, verificável com o Arqueômetro
movimentado, e no pequeno resumo da Figura 2, resultou a inversão de todo o
sistema dórico e a substituição dos termos I-Sh-O — M-R-He, pelos de B-R-M — Sh-
I-Va, nascendo, então, o ionismo, fonte do naturalismo, do feminismo, do militarismo,
da política e da conseqüente anarquia, que reina hoje no mundo.
Com efeito, rodando-se o desenho da Figura 2 da esquerda para a direita
e de cima para baixo, de modo que a letra M venha a ocupar o lugar do Y, e,
40 Michel Manzi.
41 Pourquoi je ne suis pas feministe, de Rachilde, escritora, Paris, 1928.
56
invertido, assim, o elemento básico, ipso facto fica invertida a leitura de todos os
outros elementos, e então fica-se surpreendido de ler da esquerda para a direita Ba-
Ra-Ma — Sh-I-Va, ou seja Brahma-Shiva.
Daí a origem do Bramanismo, do qual saiu, mais tarde, o Abraamismo,
religião de Rama de Abraão, de Moisés, de Jesus e de Maomé.
Dividida assim a antiga síntese divina, Krishna fez ver que, da separação
daquele princípio indivisível, atribuindo função diferente à Brahma e a Shiva, era
natural que surgisse o terceiro termo da trilogia em que se baseiam todos os
fenômenos da natureza, de acordo com a Cosmogonia dos persas, firmada na
astrologia, e criou o termo Vishnu, que se lê igualmente naquela figura, em V-I-Sh-
N, obedecendo, ainda assim, às mesmas regras científicas da confecção dos
nomes, pois, V-I-Sh é a inversão de Sh-I-Va, assim como de I-Sh-V (IShO).
Pela mesma razão aB-Ra-Ha-M é a inversão de Ma-Ha-Ra-Ba que, em
sânscrito, significa a "Grande Maestria", a "Grande Criação pela Palavra", pois, em
sânscrito e hebraico, BRa exprime a idéia de criação. A primeira palavra da Gênese
é Boereschit que se desdobra em Bara, palavra, verbo, criar, e Schit, seis.
Mais adiante detalharemos este ponto.
Trinitarismo
Foi aí, pois, que nasceu o trinitarismo de Krishna: Brahma-Shiva-Vishnu,
conhecido no Egito por Osíris-Íris-Hórus e, por fim, no Catolicismo por Pai-Filho-
Espírito Santo, pois, no primitivo Cristianismo, nem Jesus, nem Pedro, nem João,
nem Tiago e nem Paulo, jamais cogitaram essa trilogia, no sentido de ser o Espírito
Santo uma das três pessoas de Deus; mas, pura e simplesmente, uma suposta
graça vinda do céu, sugestionada por gestos teatrais. Só em Atos VIII, 15 e
57
seguintes, é que se encontra esta passagem; os Evangelistas a nada disso se
referem.
Paulo, mesmo, sempre foi antitrinitarista.
Jesus nunca doutrinou que seu Pai (Jeová) tivesse três pessoas distintas
numa só, das quais ele seria uma delas.
Esse tema foi arranjado pelo Catolicismo, de acordo com as crenças
pagas, já adotadas pelos povos de uma época inconcebível, quiçá, antediluviana, no
tempo dos sumerianos, anterior à Babilônia, em que os Cabiras representavam a
trindade por Ea, Pai —; Istar, Mãe —; Tammuz, Filho.
Os Orficos, da Grécia, chamavam essa trindade: Axier, Pai celeste —
Axiokersa, Mãe terrestre — Axiokers, Filho do Céu e da Terra, aos quais
apelidavam de Zeus — Deméter — Dionísio.
Nos Mistérios de Elêusis*, a ordem é outra: O Pai é Dionísio, a Mãe,
Deméter, Iachos, o Filho.
Na antiga Canaã, era Baal, Pai —; Astarté, Mãe —; Adônis Echmun,
Filho.
No Egito, como já vimos, Osíris é Pai —, Ísis é Mãe —, Hórus, o Filho,
porém, mais tarde, por circunstâncias que seria fastidioso descrever: Osíris passou
a ser Filho.
Na Índia é Brahma, Pai —; Shiva, Mãe —; Vishnu, Filho.
Os indianos, personificando a Soberana Potência de Deus, como sendo
sua esposa, fizeram com que daí saíssem três filhas, com poderes: um de criar,
outro de conservar e outro de destruir*.
* N. do E.: Acerca do assunto, sugerimos a leitura de Ritos e Mistérios de Elêusis, de Dudley Wright,
Madras Editora.
* N. do E.: Brahma — construtor; Vishnu — mantenedor; Shiva — destruidor.
58
Na China, era e ainda é, Brahma, Pai —; Shiva, Mãe —; Buda, Filho.
Na Pérsia, de Zoroastro, era Orzmud, Pai; Arimã, Mãe; Mitra, Filho.
Na primitiva Germânia era Votan, Friga e Dinar.
Na China, a trindade divina é representada por Y — Uei — Táo, que
corresponde à unidade absoluta, à Existência Universal, à Existência individual, ou
seja, à Teogonia, à Cosmogonia e à Androgenia.
Táo significa: Via — Caminho. É a base do Taoísmo.
Jesus dizia: "Eu sou o primeiro e o último" — o Táo (última letra hebraica)
— "Eu sou o caminho".
Para Fo-Hi, ela se compunha de Ki-Tsing-Chen, ou seja: os princípios
espiritual, material e animal.
Os druidas já conheciam uma trindade em Abred, Gwynfyd, Ceugant.
Jesus disse: "Onde estiverem três reunidos em meu nome, aí estarei". O
Catolicismo submeteu essa frase a um torniquete do qual extraiu o dogma da
trindade.
Muitíssimos séculos antes, havia povos no norte da Europa, cuja única
oração era a seguinte, pronunciada com os olhos no firmamento, o do meio de mãos
dadas aos outros dois, cujos braços livres se erguiam e abaixavam em ritmo: "Sois
três, somos três, tende piedade de nós".
Só depois de muitos séculos e de intermináveis discussões entre os
bispos romanos foi resolvida a questão de ser Jesus uma das três pessoas, no
Concilio de Nicéia, no ano 325, presidido pelo imperador Constantino, que impôs
esse dogma pelo terror, tendo feito correr muito sangue, conforme veremos no artigo
Dogmas. Deixa, portanto, de ser obra teologal para ser obra arbitrária.
59
O primeiro homem que introduziu na Europa a idéia da Trindade, oriunda
de vários povos antigos, como se vê, foi o filósofo grego Timeu de Locres, no século
IV antes de Cristo, em sua obra Alma do Mundo, copiada de Orfeu, que a recebeu
do Egito e que apresentava Deus sob o emblema de uma Trindade Misteriosa com
três nomes.
Se tudo isso não é plagiar a Antigüidade, então... está certo! Por aí se vê,
pois, que o Bramanismo, religião de Krishna, já era a quinta superposição sintética
da Proto-síntese, citada por João e por vários Pais da Igreja, dos quais Santo
Agostinho, que a chamava de Religio-Véra42, e não como vulgarmente se faz crer
nas camadas menos letradas, religião criada do pé para a mão, com um Deus
manipanso e vários deuses de menores categorias, que, aliás, não é a divindade
bramânica, nem mesmo búdica, introduzida mais tarde na índia, pois Brahma não é
representado por nenhuma, mas pelo termo BRAHMAN (Deus Supremo — Ser
Insondável).
O Bramanismo oculta em seus símbolos milenários a primitiva religião da
humanidade, revelada por Jesus, como Verbo Criador, aos primeiros Patriarcas;
Jesus-Rex-Patriarcharum, dizem as ladainhas, com algum fundamento tradicional,
quando estes, ainda não viciados por uma série ontológica de fatos e crimes, e na
pureza de suas almas, estavam aptos a receber a Revelação, e essa Religião já era
a atual cristã que Jesus veio reimplantar na Terra; mas, saturada de budismo e
mosaísmo, que Paulo destruiu e que o Catolicismo ainda mais anarquizou
introduzindo-lhe a política*.
A primitiva China, aceitando mais tarde parte dessa síntese: Brahma-
Shiva, proposta por Fo-Hi (Pai da Graça), nome que Cakya Muni adotou, quando,
42 Retract., L i — Cap.III — Num. 3.
* N. do E.: A respeito desse assunto, sugerimos a leitura de Lendas de Atlântida e Lemúria, de W.
Scott Elliot, Madras Editora.
60
retirando-se da Índia com seu Colégio sacerdotal, composto de cem famílias, foi
colonizar o Hoang-Ho (rio Amarelo), descendo pelas nascentes do Yüng-Tsé-Kiang,
antes do dilúvio de Yao, conforme relatam seus livros43, e onde reinou 3.253 anos
antes de Cristo, não pôde, contudo, adotar o terceiro termo de Vishnu por já possuir
a China uma Síntese divina representada no termo Buda. Daí o Budismo: Brahma
— Shiva — Buda.
E por que Buda? Como já existia este nome na China? Quem era esse
Buda?
Muito longe, também iríamos, se tivéssemos de citar a imensa literatura
de verdadeiros sábios que aprofundaram o Budismo; mas basta dizer que no Peru
foi achado esse termo gravado nos rochedos pré-históricos, é que esse nome já era
conhecido entre os astecas, na Escandinávia e pelos germanos, pronunciado
conforme os dialetos, como Woda, Vodam, Vattan, Votam, Odin, Udin, Udha,
B'huda, B'huvi, Buva etc.
Os chiapanezes do antigo México pretendiam descender de Voltan,
Votan, vattan.
E, até na Síntese divina da Raça Vermelha, era o Swa-Y-am-B'uva que
significa "Ser existente por si próprio".
Eis a origem religiosa do trinitarismo, muito superficialmente estudada,
pois ela encerra, igualmente, a questão dos três estados da matéria.
Dilúvio
Ora, a China esteve certamente ligada ou em fácil comunicação com o
Peru, Bolívia e Chile, na Cordilheira dos Andes, pelos montes que formam hoje as
ilhas da Oceania, ou pelo continente lemuriano submergido, no qual devia ter
43 JAMES LEGGE — Chinese Classics — Tom. III, part. I — p. 189.
61
existido uma notável civilização, pelas imponentes ruínas de templos que ali se
vêem, como as de Papeete, já que, de outro modo, dificilmente se conseguirá
explicar a semelhança da raça amarela ali existente que, mais tarde, foi descendo
pelo lado do Atlântico, por causa da submersão que teve lugar simultaneamente da
Lemúria e da Atlântida*, os Andes acabavam de emergir, formando, assim, grande
parte do nosso território.
Se fosse prevalecer a hipótese de deslize dos dois continentes, América e
África, como pensam alguns escritores, pelo aparente recorte que apresenta sua
figura geométrica, teremos, então, de optar, com mais razões, para nossa hipótese
pessoal, de ter sido esse deslize produzido no primeiro ou no último período do
resfriamento da crosta terrestre, quando a Terra não comportava seres do reino
nominal, o que corrobora a completa ausência de raças humanas opostas, de
prêmio em um ou em outro lado, sendo mesmo de notar que grande parte da flora e
da fauna, embora se assemelhem, é, contudo, diferente em muitos pontos.
Não se pode, pois, deixar de crer na existência da Atlântida no ponto
indicado pela nossa Figura 4, com uma raça diferente, a vermelha, cujas espécies
foram encontradas puras na América do Norte e no norte da África e ainda se acham
disseminadas pelo mundo, embora degeneradas.
Nos antigos livros da China se encontra que o Tapir das Cordilheiras do
Brasil (nossa Anta), era igual ao da China, e que esse animal era considerado como
sendo a alma de um antigo herói.
Constantin Balmont44 julga, acertadamente, impossível achar-se
explicação no fato de encontrar-se os mesmos monumentos arquitetônicos,
esculturas, pinturas, petróglifos, em toda parte do mundo, de Norte a Sul, de Leste a
* N. do E.: A respeito desse assunto, sugerimos a leitura de Lendas da Atlântida e Lemúria, de W.
Scott Elliot, Madras Editora.
44 JAMES LEGGE – Chinese Classics – Tom. III, part. I – p.189.
62
Oeste, indicando uma mesma linguagem pelas suas raízes, uma mesma escrita,
uma mesma religião, sem a existência da Atlântida.
A palavra Atlante se decompõe assim:
Atta, que significa o Senhor, o Ancião, o Pai e lant, a extensão
universal, isto é, o sistema do Universo.
A moeda dos atlantes, que tinha curso na Índia, possuía impressa a figura
de uma serpente alada ou dragão. Tal serpente é encontrada gravada nos rochedos
do Peru, pelo lado do Acre, numa altura de algumas dezenas de metros e numa
extensão de uns 100 metros, além das que figuram nas inscrições petrolíticas do
norte do Brasil e na índia.
Não se pode admitir razoavelmente que o Oriente tivesse passado para a
América do Norte pelo estreito de Bhering, como pensam outros escritores, por duas
razões dignas de aceitação: a primeira é que, mesmo com o atual aparelhamento,
dispondo de todos os recursos para empreender viagens nos mares glaciais, essa
passagem torna-se assaz difícil a uma expedição normalmente organizada, e quase
impossível, nos primitivos tempos, a uma família ou a um grupo de homens
desprovidos de quaisquer recursos, e de um modo regular, para o povoamento de
uma região; a segunda é que a raça tolteca, raça vermelha, mais provavelmente
originária da Atlântida submergida, está longe de se parecer com a raça asiática,
não só na cor como no tipo fisiológico.
Há mesmo inúmeros sábios que se dedicam a esses difíceis estudos, que
dizem ser os povos nômades, que entre nós chamamos de ciganos, oriundos da
Atlântida, não só por sua cor avermelhada, embora muito degenerada, como pelas
raízes do seu esquisito idioma, e pelas práticas religiosas, próprias da Índia e com
certas analogias com as dos toltecas.
63
Monsenhor Grouard, vigário apostólico, escreveu no Univers de 23 de
maio de 1898: "É notável a estranha semelhança das crenças e práticas assírias da
Babilônia com as dos selvagens da América do Norte. Seus feiticeiros nunca
tratavam um doente, sem obrigá-lo pela confissão de suas faltas, a expulsar o mau
espírito que, por isso, se apoderara do seu corpo".
MAPA DA ATLÂNTIDA
Segundo Th. Moreux
Figura 4
No entanto, esse Monsenhor ignora que essa prática já existia na Índia e
na Pérsia há milhares de anos antes de Cristo, levada pelos atlantes, cujas espécies
existem ainda na África, ou pelos indianos por meio das Cordilheiras, o que é mais
racional dada a perfeita semelhança de raças.
64
É pela mesma razão que encontramos entre nossos silvícolas do
Amazonas a síntese divina representada no termo Tupan, análoga ao Deus Pan dos
arcadianos e inúmeras lendas conhecidas na índia.
Recorrendo-se ao dicionário Tupi-Guarani, de Montaroyo, encontramos
ali a palavra Tupã, descrevendo todos os atributos e qualificativos, e mais alguns do
Catolicismo, culto este que, decerto, não era conhecido pelos nossos selvagens
antes que ali aportassem os navegadores.
Isso prova, mais uma vez, a grande aproximação dos continentes
europeus e americanos pelo Norte da America do Sul (Figura 4), sem, contudo,
haver absoluta ligação, pela ausência nas duas Américas da raça africana, trazida
mais tarde, a do Norte, pelos espanhóis, por decreto imperial de Carlos Quinto, sob
proposta do bispo Las Casas, que assistia à horrível destruição dos naturais pelos
fanáticos católicos, tendo sido os genoveses quem se encarregaram desse tráfico, e
a do Sul, pelos portugueses, todos genuinamente católicos, apostólicos e romanos,
que se enriqueceram com essa fraternal mercadoria.
Scott-Elliot45, Quatrefages46, Le Plongeon e alguns outros pesquisadores
admitem a existência da raça negra na América do Norte em época muito anterior à
invasão dos espanhóis; porém, não explicam seu completo desaparecimento, uma
vez que a raça vermelha, a amarela e a branca sempre continuaram se
desenvolvendo.
O caso é, porém, que, na América do Sul, seus redescobridores jamais se
referiram a essa raça.
Encontramos o perfeito tipo do indiano, que ainda é o dos nossos
sertanejos, porque eles desceram também com o Tapuia pelo lado dos Andes, ou
45 History of Atlantis.
46 I.'Espèce humainc.
65
mesmo passando-se pela Atlântida. Tal é a opinião de Newmann, bebidas em fontes
chinesas.
Diz Mareei de Serres47: "O alteamento das cadeias das montanhas da
América, por exemplo, é tão recente, que se supõe contemporâneo da dispersão
dos terrenos de transportes antigos chamados diluvianos".
Esse alteamento dos Andes e das cadeias de montanhas do lado
atlântico que se achavam submergidos, na nossa opinião, proveio do fenômeno de
compressão da base dessa cordilheira pelo afundamento simultâneo da Atlântida,
por um lado, e do continente ocupado pela Oceania, por outro.
Essa compressão fazendo emergir a Cordilheira dos Andes produziu
igualmente a emersão dos planaltos e do litoral da América do Sul. Essa opinião
deve estar bem perto da verdade, quando olharmos, por exemplo, a linha horizontal,
a perder de vista, que se nota delineada nas serras de Ibiapaba, no Ceará, e a
imensidade de fósseis de peixes encontrados ali, a 300 e 600 metros de altitude e
que abundam até o sul.
O Ceará arenoso, grafado outrora Seara, não terá a mesma origem que o
Saara africano, confrontes como estão? Ambos estavam submersos.
A palavra Saara de acordo com a Ciência do Verbo dos Templos antigos
significa: "Continente emergindo do mar". (Vide a hermenêutica de O Arqueômetro
de Saint-Yves.)
A tal respeito aconselhamos a leitura do belo estudo de Michel Manzi48,
no qual ele demonstra não só a existência do continente submergido, com sua
civilização e sua religião que era, afinal, a que Rama difundiu pela África, pela índia,
pelo Egito e pela Mongólia, onde ainda existe.
47 Cosmogonie de Moyse - 1859.
48 Le livre de l’Atlantide – 1922 - Paris
66
O padre Moreux, já citado, em sua obra L’Atlantide a-t-elle existée?,
também demonstra a existência desse continente desaparecido por causas físicas e
morais (Figura 4). Por essa figura, verifica-se a posição geográfica que essa ilha ou
continente teria ocupado antes do cataclismo, o que corrobora o que anteriormente
dissemos, com relação à relativa aproximação dos continentes europeu e
americano, e permite admitir a razão da existência no México e na África de restos
de raça vermelha.
Um manuscrito encontrado em recentes escavações no país dos toltecas,
intitulado Troano, traduzido por Le Plongeon e depositado no British Museum de
Londres, assim se exprime: "No ano 6 de Kan, em 11 Muluc, no mês de Zac,
terríveis tremores de terra se produziram e continuaram sem interrupção até o dia 13
de Chuen. A região das colinas de Argila, o país de Mu, foi sacrificada. Depois de
sacudida por duas vezes, ela desapareceu subitamente durante a noite; o solo
continuamente influenciado por forças vulcânicas subia e descia em vários lugares,
até que cedeu; as regiões foram então separadas umas das outras e depois
dispersas; não tendo podido resistir às suas terríveis convulsões, afundaram-se
arrastando 64 milhões de habitantes. Isso passou-se 8.060 anos antes da edição
deste livro".
Tudo isso concorda com os escritos de Platão, apesar de separado desse
continente por umas cinco mil léguas, e hoje aceitos como verídicos pela maioria dos
sábios, embora uma parte seja pela negação e outra pela dúvida.
As tradições dos maias remontam a mais de 14 mil anos antes da
chegada de Cristóvão Colombo à América.
Os peruvianos conservam a recordação desse acontecimento (Herreya —
década 5, p. 61).
67
No Bagavad, as circunstâncias do dilúvio de Moisés são idênticas às dos
indianos, tanto assim que Vishnu teria enviado a Satiavata um barco igual, que,
muito mais tarde, Deus mandara Noé construir, para nele recolher-se com um casal
de cada espécie, a fim de repovoar a Terra.
A China também registrou o acontecimento muito antes de Moisés, o que
prova, sempre, que esse legislador foi buscar os elementos para sua Gênese nas
obras antigas, como ele mesmo confessa.
Os escandinavos dizem que foi em virtude do gigante Ymus que houve o
dilúvio e só um homem chamado Belgemer se salvou com sua família sobre um
barco, por ordem de Deus.
O mesmo dá-se com os celtas, cujo homem salvo chamava-se Dwivam e
sua mulher Dwivach; e com os gauleses, cujo homem chamava-se Duyman e sua
mulher Duymoch.
Por ocasião da descoberta do Brasil, os índios que habitavam a parte hoje
chamada Rio de Janeiro já possuíam uma lenda a respeito do dilúvio, cuja descrição
o leitor encontrará em Le Folklore de l’Ancien Testament, de J. C. Frazer, p. 86.
Nas ruínas dos palácios de Nínive, na Babilônia, descobriram-se na
Biblioteca de Assurbanipal as 12 lâminas de barro com inscrições cuneiformes de
Gilgamesh*. A décima primeira contém a lenda do dilúvio, como a encontramos na
Gênese de Moisés, que foi escrita no século V a.C, a que o sumeriano Gilgamesh
gravou aquela página nas imediações do século XXV a.C. Daí, mesmo, é possível
que ela seja uma reprodução do antigo original49.
* N. do E.: Acerca do assunto, sugerimos ver também A Versão Babilônica sobre o Dilúvio e a
Epopéia de Gilgamesh, de Sir Wallis Budge, Madras Editora.
49 Cosmogonie de Moyse – 1859.
68
As mesmas expressões de arrependimento de Deus encontram-se numa
e noutra; as mesmas descrições nos seus menores detalhes são ali narradas,
notando-se mais vivas e mais completas do que no Gênese.
Ali, o Noé de Moisés é chamado Atrachasis. Isso prova, simplesmente,
que todos os povos da Terra, de norte a sul, tiveram conhecimento do cataclismo
sucedido em um continente50.
A história do dilúvio na Bíblia está cheia de contradições, comparando-a
com o poema de Isdubar, canto XI, do tempo dos caldaicos, conforme estudos feitos
por José de Campos Novaes.
Em poucas semanas morreram na China (1932) cerca de 370 mil
pessoas, afogadas por inundações, além de 80 milhões por fome e peste, fenômeno
este nunca visto ali, desde o famoso dilúvio de Noé!
Se atualmente a humanidade não dispusesse dos elementos precisos
para registrar os fatos e explicá-los, é quase certo que a China transmitiria aos
outros a tradição desse cataclismo como outro dilúvio universal.
Isso, porém, é uma questão de etnografia que só veio à baila para provar
a existência de povos desaparecidos, cuja religião se espalhou pelo Oriente,
sofrendo graves transformações pelo embate dos cismas. A Terra, conforme diz
Moisés, só tinha uma língua e uma só fala51, uma academia, uma religião.
Ora, é claro que semelhante mentalidade não iria repetir dois termos
aparentemente idênticos, se língua não se referisse à língua templária de 22 letras,
isto é, à Ideografia, às ciências, portanto, e fala ao idioma geral, ou seja, ao dialeto
usado pelo povo, que empregava alfabetos de 24, 28, 30, 36 e 48 letras,
denominados horários, lunares, mensais, decânicos e devanágaris.
50 D. MREJKOWKYS – Les Mystères de l’Orient.
51 Gênese XI, 1.
69
Babilônia
Uma das provas disso está na célebre passagem da Bíblia a respeito da
"Confusão das Línguas", na Torre de Babel, na Babilônia52, torre que, afinal, nunca
existiu, materialmente falando, como a descreve a Bíblia, porque Babilônia, a capital
do mundo, isto é, a maior metrópole da Caldéia, que existiu 3800 anos a.C, segundo
uns, e seis mil a sete mil anos segundo o sábio historiador inglês Leonard W. King,
com cerca de vinte milhões de habitantes, com formidáveis academias, das quais
saíam os magos, detentores, como é sabido, da Ciência Astronômica, não iriam,
esses sábios, construir uma estúpida pirâmide em forma espiral, como a
representam, para alcançar a abóbada celeste a algumas centenas de metros, o que
teria atemorizado, sobremodo, o Supremo Criador do Mundo, por isso a destruiu
estabelecendo a confusão de línguas!
Diga-se que, sendo a Babilônia a metrópole para onde convergiam todos
os povos do Oriente, já com o fim de comércio, já com a finalidade de estudos, a
balbúrdia em matéria de religião e cultos tinha tocado à meta, sendo por essa razão
que Abraão (Ab-Ram) se retirou de Uhr com sua academia.
Nem Baltazar, o Mago, o Pontífice, nem Daniel, nem outros sábios,
conseguiram uniformizar as crenças, à primitiva língua templária, à primitiva religião.
Daí surgiu o malogrado ensaio de uma nova Síntese das Ciências,
figurada nessa torre e a conseqüente balbúrdia, confusão e separação das várias
sínteses, ou seja, figuradamente, das línguas templárias.
Queriam imitar, em vão, a pirâmide de Gizé, que constitui, de fato, uma
Síntese das Ciências, como o demonstrou o padre Moreux, em sua citada obra, e da
qual mais adiante trataremos detalhadamente.
52 Bab-Ilu – Porta de Deus.
70
Ninguém queria voltar à Lei de Hamon, lei do Carneiro (de Rama), e as
corporações sábias não conseguiam chamar à razão a Lei do Touro (o
touranismo)53.
Do que se trata no texto esotérico de Moisés não é, portanto, nem de
línguas proféticas, nem da verborréia da época, mas, sim, da Ciência sagrada e da
ideografia sábia, desde a Astronomia à Geodésia, desde o sistema cosmogônico ao
sistema métrico e ao estalão monetário.
Por isso a Ciência esotérica não é somente uma ciência, uma filosofia,
uma moral, uma religião. Ela é a ciência, a filosofia, a moral, a religião, das quais
todas as outras são preparações ou degenerações, expressões falsas ou parciais,
conforme a direção tomada54.
Fabre d'Olivet55 diz: "Os dez primeiros capítulos da Gêneses, filha do
passado e cheia do futuro, herdeira de toda a tradição do Egito, trazem os germens
das ciências futuras.
“O que a natureza tem de mais profundo, o que o
espírito pode conceber de maravilhoso, o que a inteligência
tem de mais sublime, ela o possui”.
Mas saibamos lê-la. Descobriremos, então, a chave dos simbolismos que
abre o caminho até remontarmos à origem. É tempo de acabar com essas infantis
interpretações, criminosamente divulgadas nas modernas enciclopédias.
53 Thor foi um legislador celta, que se aliou a Rama para repelir os negros que tinham invadido a
Europa, de onde o Tourão (Thor-Ram) foi a fusão da Lei do Touro com a do Carneiro (Áries), os
arianos, a gente do Carneiro, que predominava no Irã (I Rama), de onde erroneamente se fez surgir
uma raça ariana.
54 The Perfect way of finding Christ. — Anna Kingsford — Londres — 1882.
55 Histoire philosophique du Genre Humain. (Deste autor, Fabre d'Olivet, sugerimos a leitura de
Música Apresentada como Ciência e Arte, Madras Editora.)
71
O nome de Jesus e sua religião
Bramanismo e Budismo, portanto, como já vimos na Figura 2, encobrem
sob outras denominações, e em virtude daquela transposição dos termos sintéticos,
os mesmos nomes de Jesus e Maria, que se passaram, mais tarde, para a História
do Cristianismo. Isso não quer dizer que tivesse havido no tempo de Zoroastro ou de
Krishna um homem e uma mulher chamados Jesus e Maria ou que esses nomes
fossem criados, em Jerusalém, especialmente, para esses dois personagens. Já
havia muitas Marias, como já havia muitos Jesus, que se perpetuam. Mas, se este
nome foi dado ao filho de Maria, foi por ordem do anjo Gabriel, e esta escolha
tinha por fim simbolizar alguma coisa, sem o que, uma vez que as escrituras tinham
de ser cumpridas, era o de Emanuel que lhe deveriam ter posto — desse modo, as
Escrituras falharam!
E, de fato, este nome de Jesus já era conhecido dos persas e de outros
povos orientais, como veremos em seguida, milhares de anos antes do advento do
Cristianismo. Este nome, como o de Cristo e o de Mitra, simbolizava na religião de
Zoroastro o Filho de Deus, representado pelo Sol —, seu primogênito, o Salvador
da humanidade, das durezas do inverno.
E isso se verifica, positivamente, confrontando-se os alfabetos templários
do vattan, do zende, do védico, do sânscrito, do assírio, do samaritano, do caldaico,
do etiópico, do hebraico, do primitivo chinês de Fo-Hi e do atual, do escandinavo, do
eslavo, do grego, etc., e, colocando-se suas letras de idêntico valor numérico em
todas as academias do universo, ante as correspondentes daqueles nomes, fica-se
perplexo quando se constatar que elas pronunciam o mesmo nome de Jesus (I-Sh-
O), sempre repetido e confirmado, conforme a matese empregada pelos dialetos dos
povos, de uma à outra extremidade da Terra, o que corrobora a Universalidade das
72
Ciências. (Vide o quadro Arqueométrico na Biblioteca da Federação Espírita
Brasileira.)
Tabela 1
Assim: Lê-se YESU Em
I-Sh-O................................ Ie-Sh-U......................... Hebraico
I-Sh-O................................ Ie-Sh-U.......................... Caldaico
I-Sh-V................................ Ie-Sh-U.......................... Védico
I-Sh-Oua............................ Ie-Sh-U.......................... Sânscrito
I-O-Sh (inversão)............... Ie-Sh-U......................... Zende
Sh-Ou-I (inversão)............. Ie-Sh-U.......................... Etiópico
Sh-Ou-I (inversão)............. Ie-Sh-U.......................... Chinês
O-Sh-I (inversão) Osíris, Risch (rei)....... Ie-Sh-U.......................... Egípcio
I-Sh-Va-Ra (inversão) Ra (rei)............... Ie-Sh-U.......................... Vattan
É o:
Ie-Sh-U (Rei dos Reis) egípcio
Ie-Sh-U (Rei dos Patriarcas)
É o próprio nome de Moisés, invertido por metátese, ou anagrama M'OSh-
I (Mosié) - O-Sh-I (Osié), por metátese: I-Sh-O (JESUS), sendo o M' um prefixo
usado no Egito para significar, como hoje, Filho de Maria, Filho de Jesus, Filho de
Deus. Por isso, os israelitas dizem que o nome de Deus, isto é, do Verbo que tudo
criou, está no nome de Moisés.
É esta, segundo afirma Saint-Yves, a razão pela qual a infanta,
certamente iniciada nas doutrinas dóricas, dera este nome a uma criança,
supostamente achada numa cesta sobre as águas do Nilo: Mosié, filho de IShO.
73
O nome de iniciação que Moisés tomou nos templos de Jetro, seu sogro,
foi o de Assar-Shiph, onde, também, se encontra a letra I como predominante de Sh
e Ph, que, como se vê no Arqueômetro, se referem ao Verbo Criador, IESU.
Os tongas, tribo da bacia de Delagoa, na África Oriental portuguesa, por
antiga tradição, acreditam em um ser superior que chamam Tilo, e, por vezes,
também, o denominam Hosi (Senhor), onde se encontra, igualmente, por metátese,
certa analogia.
É também:
O Schua-Y-Am-B'uva, da primeira Raça Vermelha, anterior ao sexto
cataclismo diluviano, e que já havia passado para a Etiópia. É a inversão de I-Sh-VY-
Am, onde encontra-se: I-Sh-V — (Iesu).
Schua-Y-Am-B'uva significa, como já dissemos: "O Ser existente por si
próprio".
É o Sh-Wa-Dha, vattan e védico, que se encontra no Zenda-Avesta* de
Zoroastro, sob o nome de Datu-Sho, que significa: "O doador de si próprio".
Mesmo em Moisés, herdeiro dos Patriarcas que viveram 1.655 anos antes
de Cristo, esse Shwa-Dha transforma-se em Sha-Dai, que significa, literalmente:
"Se-Dando-Deus". (Arqueômetro)
É mais ainda:
É o Sh-O-Ph-Ya, do termo criado por Pitágoras, um dos depositários da
antiga tradição, Philo-S-O-Ph-Ya (Filosofia). O Ph calha no mesmo triângulo em que
se acha o Sh (I Ph O — I Sh O), não por uma questão de capricho ou de fantasia,
como já dissemos, mas por obedecer a certas leis que não podemos expor aqui
(Figura 2).
* N. do E.: Zenda-Avesta, atribuído a Zoroastro, lançamento da Madras Editora.
74
É também o Nicod-bilo-soph, de Daniel, que, depois de levantado o véu,
significa I-Sh-O — I Ph-O, de Ia Soph (Jesus Verbo), Sh e Ph e o sinal conjuntor O.
É, igualmente, o I-Sh-Va-Ra-El, por contração Is Ra El, o "Espírito Real de
Deus", e que, por corrupção fonética, passou a ser o I Sh Ua Ra na cosmografia
hindu e IS-Ra-El (I-Sh-Ra-L), entre o povo israelita.
Este Israel é o Filho de Deus, seu Filho Primogênito, pois a Bíblia em
Êxodo IV, 22, assim se exprime:
"Então dirás ao Faraó: (é Deus quem fala a Moisés)."
"Assim diz o Senhor: 'Israel é meu Filho, meu Primogênito'".
Porém, Israel não é um homem, é um povo, como veremos ainda.
Isso concorda admiravelmente com o I-Sh-O — ou I-Sh-Va, ou, ainda, ISh-
Ua, segundo o dialeto, significando IESU (Jesus), acrescido de Ra (rei) e El
(Deus), I-Sh-Ra-El, ou seja, o Espírito Real de Deus, o Filho Primogênito, ou seja,
a primeira emanação de Deus, ou, ainda, por comparação, o povo que ele escolheu
para ser o depositário da sua Lei.
Se não é verdade que o povo de Israel é o depositário da Revelação,
então Jesus faltou à verdade, dizendo que ele veio com a missão de salvar esse
povo eleito de Deus, seu filho primogênito, cumprindo-lhe todas as leis e rituais.
Por outro lado, Deus concluiu um pacto com Abraão e sua posteridade, o
povo de Israel, como predestinado a ensinar sua palavra; mas, Paulo, emérito
sofista, procurou, com sua carta aos Romanos, justificar Deus, pelo rompimento
daquele pacto, para servir sua causa contra os israelitas.
75
Daí saiu a falsa idéia do catolicismo, de ser Jesus o Filho Primogênito,
israelita como ele era, o que não quer dizer que é o filho carnal de um Deus
antropomorfo.
Como a palavra Israel nunca havia sido encontrada nos livros do Egito,
muitos escritores chegaram a pôr em dúvida sua existência.
W. Flinders Petrie56-A, porém, traduziu um documento, por ele achado em
suas escavações no Egito, que demonstra a existência do povo de Israel: "... os de
Israel foram arrancados, não existe mais semente".
A menção feita pelos egípcios denota que a aplicação do termo — Israel
— só podia ter acontecido muito posteriormente ao Êxodo, quando, esfacelado e
dividido, este povo procurou repor o pé no Egito; porquanto, segundo a descoberta
de Chabas, em 1864, este povo já era conhecido desde os tempos dos Ramsés pelo
nome de Apuriu (segundo Saint-Yves, é Apurus); isto é, sem eira, nem lar, o que
confirma a frase de Moisés: "Lembra-te que eras estrangeiro na terra do Egito".
Ora, tudo isso e muito mais não podem ser o produto do acaso, de
coincidências, nem da mais estupenda fantasia humana, criada, posteriormente, do
pé para a mão, com línguas antigas, tão distintas e distantes, verificado, além disso,
pela filologia, pela matemática quantitativa e qualitativa, e traz-nos uma prova bem
difícil de ser rejeitada, de que a religião que o Messias veio novamente implantar
neste misérrimo e anarquizado planeta, com o exemplo do sacrifício de sua vida, é a
primitiva religião da humanidade, por ele, Verbo, revelada aos Patriarcas sob o
nome de I Sh O — I Ph O (Jesus-Verbo), o mesmo que retomou em sua
reencarnação em Maria.
E por que "Jesus" e não outro nome?
56-A Mission des Juifs — p. 414.
76
Por que não Emanuel, conforme fora profetizado por Isaías VII, 14 —
VIII, 8 e confirmado por Mateus, I, 23, contrariado, porém, por Lucas, I, 31 que o
substituiu pelo de Jesus?
Essa falta de cumprimento das escrituras não deixa de pôr em maus
lençóis Isaías, Mateus, Lucas e o próprio Jesus, que repetia sempre que tudo quanto
lhe sucedesse era para serem cumpridas as escrituras, e estas diziam que ele se
chamaria Emanuel.
Por que esta patente discordância?
Porque, como se vê desse superficial estudo, esse nome sintetizava a
Proto-síntese, e era mister que a encarnação, que repunha sua Palavra Perdida,
fosse marcada com seu próprio selo, o Selo do Deus Vivo, a que se referem o Novo
e o Velho Testamento, e este Selo é o demonstrado pelo Arqueômetro, síntese de
todas as religiões, de todas as ciências passadas, presentes e futuras, porque é a
síntese do próprio Verbo-Criador, e, como tal, já se achava legislada desde o
começo dos mundos, desde a eternidade, diz o profeta.
Porque o povo que Moisés escolhera para ser o depositário da tradição
inserida nos seus cinco livros, com 50 capítulos, chamado Gênesis, havia séculos
que tinha perdido a chave do segundo sentido e da Cosmogonia, sintetizada na
Esfinge e na pirâmide que lhe fica ao lado.
Por isso Jesus dissera: "Quando Abraão existiu, eu já era". (João VIII, 58).
Ao admitir-se, como quer o Catolicismo, como a expressão da verdade,
ter o anjo Gabriel ordenado, em sonho, a José, que pusesse no seu filho o nome de
Jesus (Mateus, I, 21), significando vir salvar seu povo dos pecados, o povo de
Israel (e não os povos do mundo), o que não foi realizado, ao contrário, é claro que,
se este nome não significasse alguma coisa mais transcendente como acabamos de
77
ver, este anjo que, por sua natureza, se supõe dotado de sabedoria, não o teria
escolhido arbitrariamente, ou, pelo menos, para que as escrituras não fossem
desmentidas, teria procurado confirmá-las, pois estas se referem a Emanuel, que,
traduzido nas línguas antigas: E-Manu-El, significa: filiado à Lei divina de Manu: Ma
— (lei), Manu (legislador persa, criador do Maniqueísmo, de que fez parte Santo
Agostinho), El (Deus), e não como lá está: "Deus conosco".
A religião de Manu era a mesma de Zoroastro, Rama, etc. O nome, pois,
que lhe deram, Jesus (I Sh O), confirma solidamente a tradição patriarcal, cuja
doutrina de bondade, de amor ao próximo, ele veio novamente indicar à humanidade
e é achada em toda sua pureza nos livros védicos e no Budismo, muito anteriores a
ele.
Não há pior cego do que aquele que não quer ver, apesar dele ter dito
que sua doutrina não era a dele.

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